A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança farão uma operação conjunta de desarmamento na reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima. O objetivo é impedir novos confrontos como o que ocorreu na segunda-feira, quando dez índios ficaram feridos após confronto com seguranças da fazenda Depósito.
Segundo o ministro Tarso Genro (Justiça), a operação não irá atingir somente os fazendeiros mas qualquer pessoa que esteja na região, índios ou não-índios. "Aqueles que estiverem armados ilegalmente serão desarmados", disse Tarso, por meio de nota.
Ontem, Tarso visitou a reserva e pediu aos indígenas para que tenham tranqüilidade e aguardem a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pacificamente. Hoje, os índios deixaram a fazenda e montaram novas tendas do outro lado da cerca.
A fazenda Depósito pertence ao prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero (DEM), preso ontem pela Polícia Federal suspeito de ser o mandante do atentado contra dez índios que estavam na sua propriedade. Além do prefeito, a PF prendeu o filho dele, Renato Quartiero, e dez funcionários da fazenda.
AGU
Para evitar novos conflitos na região, a SGCT (Secretaria-Geral de Contencioso) da AGU (Advocacia Geral da União) protocolou ontem no STF um pedido de busca e apreensão de armas, munições e explosivos dentro da reserva.
O pedido foi encaminhado ao ministro Carlos Ayres Britto, relator da ação cautelar movida pelo Estado de Roraima contra a demarcação.
A AGU pediu a expedição de mandado de busca e apreensão e o apoio da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública na operação com a possibilidade de entrar nas fazendas e residências de não-índios.
Fronteira
Depois do acirramento dos conflitos na reserva Raposa/Serra do Sol, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu hoje que o governo federal vai aumentar o número de postos militares nas áreas fronteiriças da Amazônia. A orientação de Lula foi transmitida hoje aos ministros Tarso Genro e Nelson Jobim (Defesa) para que ambos definam os números e os detalhes do texto do decreto a ser editado.
Tarso disse que os detalhes do decreto ainda não foram definidos, mas que nos próximos dias ele e Jobim fecharão os números. O ministro negou que a decisão tenha sido provocada pela pressão das Forças Armadas, especialmente do Exército --após as críticas do comandante militar na Amazônia, general Augusto Heleno, que condenou a política indigenista do governo federal.
(Folha Online, 07/05/2008)