A planta de polietileno verde (fabricado a partir do etanol da cana-de-açúcar) da Braskem nem começou a produzir e a perspectiva de procura já supera a oferta. A capacidade da unidade será para 200 mil toneladas anuais. Conforme o presidente da companhia, José Carlos Grubisich, existe um potencial de venda três vezes superior a essa quantidade.
Apesar dessa perspectiva, um redimensionamento da capacidade da planta, que será instalada no Rio Grande do Sul ou na Bahia, atrasaria o cronograma do projeto. A intenção é de que a unidade comece a operar a partir de 2010. Depois desse prazo, a Braskem planeja instalar outras plantas de resinas produzidas a partir de fontes renováveis.
Ao contrário do que previa o mercado, a Braskem não anunciou ontem o local da nova planta, limitando-se à divulgação dos resultados financeiros em teleconferência com participação da imprensa. Porém, parece que aumentaram as chances do Rio Grande do Sul sediar o projeto de polietileno verde. Grubisich revelou que testes aprovaram a produção da resina com uma tecnologia que já é empregada nas plantas da Ipiranga Petroquímica (IPQ) em Triunfo. A IPQ passou a ser controlada pela Braskem depois da negociação dos ativos do Grupo Ipiranga.
"Até o final de maio, pelo menos do ponto de vista interno, devemos tomar a decisão sobre a localização da unidade", diz Grubisich. Com a alta dos preços dos insumos derivados do petróleo, cresce a competitividade dos materiais renováveis. O executivo informou que o aumento do custo das matérias-primas impactou o resultado da companhia no primeiro trimestre deste ano.
O lucro líquido da Braskem de janeiro a março alcançou R$ 83 milhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de R$ 45 milhões. O preço médio da nafta (principal matéria-prima do setor petroquímico), entre o primeiro trimestre de 2007 e o deste ano, aumentou 55%, saltando de US$ 555 por tonelada para US$ 842. Isso resultou em um impacto adicional de custo para a Braskem superior a US$ 550 milhões.
A empresa realizou um realinhamento dos preços das resinas (um reajuste médio de 10%), mas mesmo assim houve uma perda de rentabilidade. Grubisich destaca que essa queda foi registrada em toda a petroquímica mundial. O executivo revela que a Braskem e a Petrobras deverão discutir no futuro uma nova política quanto ao preço das matérias-primas. "Queremos ter condições competitivas semelhantes às dos nossos concorrentes internacionais", defende o dirigente. Novos aumentos dos preços das resinas devem ocorrer no mercado brasileiro nos próximos meses.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 08/05/2008)