Um ar mais limpo devido redução da combustão de carvão poderia ajudar a destruir a Amazônia neste século, segundo uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (7) que destaca os complexos desafios da mudança climática global.
O estudo na revista Nature identificou uma relação entre a redução das emissões de dióxido de enxofre por combustão de carvão e do aumento das temperaturas da superfície tropical do Atlântico Norte, que estimula o risco de desertificação da floresta Amazônica.
Com a floresta tropical já ameaçada pela evolução, altas temperaturas globais podem inclinar a balança, afirmam.
"Normalmente, a poluição é algo ruim. Mas neste caso, a melhora do ar pode ter levado, ironicamente, a uma seca da Amazônia", disse Peter Cox, um pesquisador da Universidade de Exeter na Grã-Bretanha, que liderou o estudo.
"Isso só mostra que é preciso lidar com os gases estufa."
A poluição no hemisfério norte limitou o aquecimento no Atlântico norte tropical, matendo a Amazônia mais úmida do que ela normalmente estaria.
Mas com a proteção evaporando devino ao ar mais limpo e aos gases estuda, a floresta agora encara um risco de seca, segundo os pesquisadores.
A Amazônia tem papel crucial no sistema climático global porque contém cerca de 10% do carbono armazenado em ecossistemas terrestres.
Os pesquisadores estimaram que por volta de 2025 uma seca nas mesmas proporções poderia ocorrer a cada dois anos. Em 2060, a crise poderia ocorrer em 9 anos a cada 10 - o suficiente para tornar a Amazônia uma savana, segundo Cox.
As descobertas mostram a necessidade de lutar não só com os gases estufa, mas também com a destruição direta das florestas tropicais, segundo os pesquisadores.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 08/05/2008)