A Frente Nacional de Luta em Defesa dos Serviços Públicos e dos Recursos Naturais repudiou, em nota, a permissão que o governo guatemalteco deu à multinacional energética, Ashmore Energy International, para que produza 200 megawatts de energia a partir do carvão mineral. O anúncio foi feito terça-feira (06). A licitação ganha pela Ashmora foi convocada pelas distribuidoras de Eletricidade do Ocidente e do Oriente, Deoccsa e Deorsa, que pertencem ao consórcio União FENOSA.
A energia de carvão mineral que abastecia a Guatemala era produzida na Colômbia. Agora, as empresas estrangeiras que importavam energia colombiana para levar à Guatemala não vão ter mais esse custo, pois atuarão dentro do próprio país. Além disso, a empresa deve receber do Governo, para se instalar, ajuda jurídica. "Todos esses lucros sairão, no final, do orçamento de cada família guatemalteca que será obrigada a consumir essa energia elétrica, porque não há outra", disse a Frente.
Para a Frente, a Guatemala está "vergonhosamente" na contramão da humanidade, pois a produção de energia a base de carvão é uma das formas mais danosas ao ambiente e os países estão trabalhando para deixarem de depender desse tipo de energia, enquanto a Guatemala vai começar a gerá-la. "Nesse negócio, saem ganhando as empresas estrangeiras que controlam o carvão na Colômbia e nos venderão pelo preço que lhes der vontade; a empresa estrangeira que instalará e administrará a indústria de carvão no país", acrescentou a Frente.
A permissão dada a Ashmore é só mais uma das reclamações que o movimento tem em relação à política energética do novo governo guatemalteco, de Álvaro Colom. Para a Frente, em quatro meses, os novos comandantes destruíram as expectativas que tinham criado no povo, com o discurso "populista e demagógico" que empregaram durante a campanha eleitoral.
Antes mesmo de assumir o governo, Colom foi à Espanha, em dezembro de 2007, e, na volta, anunciou um acordo fechado com a transnacional União Fenosa para entregá-la a produção de 300 mwh de energia. Com isso, o presidente mostrou disposição de privatizar a produção de energia e de sepultar o Instituto Nacional de Eletricidade (INDE).
Já em fevereiro deste ano, Colom anunciou a redução de cobertura da Tarifa Social. Com a medida, teto baixou de 300 kw por mês para 100 kw. Assim, cerca de 600 mil famílias deixaram de ser beneficiadas e a economia é de apenas 402 milhões de quetzales anuais. Não foi só a política da Tarifa Social que mudou, o preço dela também, assim como o da Tarifa Plena, ambas tarifas sofreram aumento.
(Adital, 07/05/2008)