Segundo novos dados da organização sem fins lucrativos Climate Counts: as companhias de bens de consumo estão mais ecológicas, mas ainda queimam muito carbono. Na quarta-feira, o grupo irá lançar seu segundo índice anual da emissão de gases causadores do efeito estufa de 56 companhias de bens de consumo, bem como seus planos para reduzi-los e como pretendem prestar contas dessas atividades. Sua intenção é persuadir o consumidor a usar os dados na hora de decidir que marcas comprar.
"Não estamos medindo emissões", disse Gary Hirshberg, chefe executivo da Stonyfields Farms e presidente da organização Climate Counts. "Medimos comprometimento". A média das empresas é 40, de um total de 100, mas a maioria das companhias teve números mais altos do que em 2007. Nove não tiveram mudança alguma. Duas - Kraft Foods e Canon - pioraram um pouco, mas Wood Turner, diretor de projetos da Climate Counts, disse que isso acontece porque ofereceram menos detalhes na prestação de contas.
Turner ficou mais desapontado com a Apple, que aumentou nove pontos, mas ainda tem apenas 11. "Eles mudaram a forma como as pessoas pensam a música e veríamos uma mudança se eles adotassem a questão do meio-ambiente", ele disse. A Apple, é claro, acredita nisso também. Kristen Huguet, porta-voz da companhia, afirmou que dois terços das emissões de carbono da Apple resulta da energia usada por seus produtos. "Constantemente melhoramos a eficiência energética de nossos produtos", ela disse.
Companhias com índices baixos correm atrás de melhorar sua posição. A Avon conseguiu 29 pontos - 18 a mais do que no ano passado, mas ainda muito abaixo de concorrentes como a Procter & Gamble e a L'Oreal. Susan Arnot Heaney, diretora de responsabilidade corporativa da Avon, afirmou que o problema da empresa é a falta de publicidade e não de compromisso com o meio-ambiente. "Somos silenciosos a respeito disso, mas a Avon está fazendo a coisa certa", disse Heaney, que acrescentou que sua companhia avançou na conservação de energia, minimização do lixo e reciclagem.
Craig Berman, porta-voz da Amazon.com - que teve cinco pontos esse ano, um aumento em relação ao zero de 2007 - também não acredita na pontuação. Ele disse que a Amazon fez "progressos significativos" na redução de pacotes e neutralizando suas emissões de carbono. "Essa informação é facilmente acessada em nosso site", ele disse. Poucas companhias mostraram melhora. O Google, que prometeu neutralizar todas suas emissões de carbono, teve um aumento de 38 points, num total de 55. "Projetos que foram planejados por anos foram postos em prática", disse Bill Weihl, líder da energia verde do Google.
Stonyfield Farms também conseguiu um aumento significativo, de 63 a 78. No ano passado, Hirshberg afirmou ter ficado envergonhado quando Stonyfield, do grupo Danon, perdeu pontos por não prestar contas de seus atos e não utilizar energia renovável. Desde então, a companhia incluiu mais informações sobre o meio-ambiente em seu site, adotou pacotes mais ecológicos, converteu à ingredientes orgânicos e instalou um gerador que transforma o lixo em energia.
"Eu tenho 10 times engajados em questões do clima e eles fazem muito mais do que eu poderia do canto de um escritório", disse Hirshberg. Tanto Hirshberg quanto Turner reconhecem que eles não sabem se o processo de pontos levou as companhias a melhorar sua performance ecológica ou mudou os padrões de consumo. A Climate Counts publica as informações no site climatecounts.com e distribuiu milhares de cópias de um guia de bolso listando os índices aos consumidores para ajudá-los na hora das compras. Hirshberg acredita que não importa o que leva as companhias a uma postura adequada, mas sim que elas mudem. "Nós vimos mais progresso no movimento ecológico nos últimos 12 meses do que eu em minha vida inteira antes disso", ele disse.
(Por CLAUDIA H. DEUTSCH, The New York Times, Ultimo Segundo, 07/05/2008)