Os quilombolas capixabas vão lançar na próxima terça-feira (13/05) uma Campanha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra. As atividades serão concentradas entre 12 e 17 horas, na praça Costa Pereira, Centro, em Vitória. São esperados 150 participantes, que desenvolverão atividades culturais, como capoeira e congo.
O coordenador do Fórum Estadual da Juventude Negra, Luiz Inácio Silva da Rocha, informou que estão sendo mobilizados todos os setores ligados ao movimento negro, entre outros segmentos da sociedade civil. Há, ainda, atenção especial na mobilização de estudantes e de jovens dos grupos culturais negros.
"Pretendemos sensibilizar a sociedade para o enfrentamento da violência contra o jovem negro", diz Luiz Inácio Silva da Rocha. Lembra que os jovens são exterminados pela via dos homicídios. Mas também são vítimas do extermínio simbólico, como o praticado nos meios de comunicação de massa, nas escolas. Há também o racismo funcional.
O coordenador do Fórum Estadual da Juventude Negra também aponta a ausência de políticas públicas para os jovens negros. Para ele, é essencial política emancipatórias em áreas como a saúde, como atendimento especial aos casos de anemia falciforme e hipertensão arterial, entre outras doenças que cedo se manifestam entre os jovens negros.
Defende que na área educacional seja realizada abordagem sobre cultura negra, para elevar a auto-estima dos jovens negros. E construídos equipamentos culturais, como teatros.
Durante o ato de lançamento da Campanha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra será divulgado um manifesto apontando os principais problemas vividos pelos jovens, além das cobranças às autoridades. Também serão apresentados vídeos, realizado um varal poético, e feitas apresentações de congo, capoeira e hip hop.
A violência contra o jovem negro não é praticada só nas cidades. No campo, empresas como a Aracruz Celulose e Suzano, além das que produzem álcool, tomaram terras dos quilombolas. Entre os imensos canaviais, as poucas famílias que resistem quase nada têm a oferecer aos jovens. Em muitas comunidades, por falta de áreas para os plantios tradicionais de mandioca, milho, feijão e arroz, falta até comida.
Os jovens quilombolas que moram no campo também não têm onde trabalhar, pois suas terras foram griladas pelas transnacionais. Nestas áreas, há ainda o extermínio da juventude negra com os venenos agrícolas aplicados nos eucaliptais. Os agrotóxicos contaminam o solo, a água e o ar, matando a fauna e flora.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 06/05/2008)