Cerca de 2 mil representantes de governos, empresários e da sociedade civil começam a discutir hoje (7) em Brasília ações e políticas públicas para enfrentar os impactos do aquecimento global no Brasil. Até sábado (10), os delegados da Terceira Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que tem como tema as mudanças climáticas, pretendem chegar a um acordo sobre sugestões para subsidiar o Plano e a Política Nacional de Mudança do Clima, prometidos para este ano.
O assunto ganhou evidência internacional em 2007, após a divulgação do 4º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês). O grupo de 2.500 cientistas concluiu que o aquecimento global é um fenômeno inequívoco e, muito provavelmente, provocado pela ação humana.
Entre as possíveis conseqüências do aquecimento global no Brasil, os cenários do IPCC prevêem a savanização da Amazônia e a transformação do semi-árido em deserto.
“O aquecimento é um tema que mobiliza o planeta, principalmente diante da recente incidência de fenômenos climáticos impactando diferentes regiões do mundo, inclusive o Brasil. A conferência coincide com essa agenda mundial de preocupações com esse fenômeno”, avalia o coordenador nacional da CNMA e secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Hamilton Pereira.
Além das estratégias em relação à desertificação, que deve ser a principal demanda dos estados do Nordeste brasileiro na conferência, o combate à devastação da floresta amazônica será um dos itens prioritários da plenária nacional. O desmatamento é responsável por 75% das emissões brasileiras de gás carbônico, um dos gases de efeito estufa considerados causadores do aquecimento global.
“Outro tema forte é o impacto da produção de etanol nas áreas do bioma Cerrado, levantado pelas delegações do Centro-Oeste”, aponta Pereira.
De acordo com o MMA, o texto-base da conferência recebeu mais de 5 mil propostas durante as etapas municipais e estaduais realizadas ao longo de 2007. As propostas estão compiladas em quatro grandes eixos: mitigação, adpatação, educação e cidadania ambiental e pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Balanço divulgado pelo organização da CNMA aponta a execução de 85% das demandas apresentadas pela conferência de 2007. Entre elas, o início das ações de revitalização da bacia do Rio São Francisco e o fortalecimento das medidas de fiscalização e controle do desmatamento, segundo Pereira.
A 3ª Conferência do Meio Ambiente será aberta oficialmente às 19h pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
(Por Luana Lourenço, Agência Brasil, 07/05/2008)