Eles não costumam causar estragos porque geralmente se formam longe da costa.
Freqüência do fenômeno é maior entre abril e setembro, segundo meteorologista.
Em Mianmar (na Ásia), no sábado (3), um ciclone tropical matou pelo menos 22,5 mil pessoas e ventos de até 190 km/h foram registrados. No Brasil, na sexta-feira (2), um ciclone extratropical afetou mais de 100 mil pessoas no Sul do país e deixou dois mortos.
Segundo o doutor em meteorologia Gustavo Escobar, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), ciclones extratropicais são comuns no Brasil, mas não são sentidos por se formarem geralmente longe da costa. “Entre os meses de abril e setembro, a freqüência desse fenômeno pode ser maior, mas isso não impede que ele possa ocorrer em outros períodos e em outras regiões”, explica Escobar.
Segundo o especialista, algumas regiões, chamadas ciclogenéticas, são características por serem as áreas onde se formam os ciclones. Na América do Sul, as principais regiões ciclogenéticas são o Nordeste da Argentina, o Uruguai, o Paraguai, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“O ar que converge de fora do sistema de baixa pressão sobe e, quando isso ocorre, se houver umidade, há a formação de nuvens e, portanto, chuvas. Por isso é que geralmente os ciclones vêm associados a chuva e nebulosidade”, diz.
Os ventos associados a esses sistemas são giratórios, segundo o especialista, e seu sentido varia de acordo com o hemisfério em que se forma o ciclone. No Hemisfério Norte, a circulação dos ventos se dá no sentido anti-horário. No Hemisfério Sul, que é o caso de grande parte do Brasil, os ventos circulam no sentido horário.
Tipos de ciclone
Os ciclones podem ser classificados em extratropicais e tropicais. No primeiro grupo, como diz o nome, estão os ciclones formados fora da faixa entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Eles se formam geralmente em áreas continentais próximas ao oceano e atingem sua máxima intensidade sobre os oceanos, com um deslocamento sempre do Oeste para o Leste.
Já os ciclones tropicais se formam geralmente na superfície do mar, na região entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. Neste caso, a temperatura da água do mar está quente, acima dos 28 graus, condição em que se formam mais facilmente áreas de baixa pressão. Esses ciclones se deslocam de forma aleatória.
Segundo Escobar, os ciclones tropicais, como o que ocorreu em Mianmar, são mais severos e mais intensos do que os extratropicais, como o que ocorreu no Brasil. O especialista destaca ainda que os prejuízos causados pelos ciclones podem depender da vulnerabilidade das áreas atingidas, além de variar conforme a intensidade do fenômeno.
Ciclones, tufões e furacões
De acordo com o que explica Escobar, furacões, tufões e ciclones se formam por meio do mesmo processo de convergência de ar em áreas de baixa pressão atmosférica, mas eles se formam em áreas diferentes.
“No Caribe, costumam ocorrer furacões; no sudeste asiático, costumam ocorrer tufões; e os ciclones são mais característicos em áreas do Oceano Índico e da Índia”, afirma.
No Brasil, segundo o meteorologista, não costumam ocorrer furacões. “O furacão Catarina, registrado em 2004, caracterizou-se como um evento raro e anômalo, que acontece uma vez a cada 50 ou 100 anos”, diz. Escobar explica que é possível prever os ciclones, mas é difícil definir precisamente sua localização e intensidade.
(G1, 06/05/2008)