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mar mediterrâneo poluição marítima
2008-05-07

O Mar Mediterrâneo pode ser considerado um tesouro a nível mundial. Prados ricos em ervas marinhas e recifes rochosos dominam a zona costeira, enquanto cordilheiras de montanhas subaquáticas, águas frias e trincheiras dominam o seu leito marinho. O Mar Mediterrâneo representa menos de 1% dos oceanos deste planeta, no entanto habitam nele cerca de 10.000 espécies - o que constitui cerca de 9% da biodiversidade a nível mundial. Contudo o excesso de pesca, a pesca destrutiva (incluindo o uso continuado de redes de deriva), a poluição e o crescente desenvolvimento costeiro estão permanentemente a destruir este tesouro.

Defender o Mediterrâneo
A Greenpeace está a enfrentar estas ameaças pelo terceiro ano consecutivo. Com um dos seus navios, o "Artic Sunrise", a Greenpeace está a realizar uma expedição de três meses a que chamou "Defender o Mediterrâneo". A expedição vai viajar no Mar Mediterrâneo expondo actividades destrutivas e agindo contra as mesmas, documentando áreas que necessitam de protecção e exigindo soluções.

Esta expedição está integrada no projecto da organização de promover a criação de uma rede de reservas marinhas no mar Mediterrâneo, quer em águas internacionais quer em zonas costeiras. As reservas marinhas - parques naturais no mar - são áreas onde nenhuma actividade destrutiva é permitida,  proporcionando um santuário para a vida marinha. A mensagem é simples: "Se queremos peixe amanhã, precisamos de reservas marinhas hoje".

Ameaças ao Mar mediterrâneo
O majestoso atum rabilho é famoso por ser um dos símbolos do Mar Mediterrâneo. Este peixe incrível consegue acelerar mais rápido do que um Porche e nadar a velocidades que atingem 43 milhas por hora (quase 70 Km/h). O atum rabilho é um dos predadores de topo da cadeia alimentar do Mar Mediterrâneo e é crucial para o equilíbrio deste ecossistema delicado.

No entanto esta espécie do Mediterrâneo está com sérios problemas - "O tempo e o atum esgotam-se". Em 1999, a Greenpeace registou um declínio no stock de atum de cerca de 80%, com tendência a agravar-se. A pesca excessiva, que atinge níveis alarmantes, e a pesca pirata estão a levar esta espécie à beira da extinção.

A pesca do atum rabilho do Mediterrâneo está fora de controle e deve ser encerrada imediatamente para permitir a recuperação da sua população. Deve ser posta em prática uma gestão adequada e devem ser criadas reservas marinhas para proteger as zonas de reprodução para que a pesca volte a ser sustentável. 

Redes de deriva - "Paredes da morte" 
As redes de deriva, conhecidas como "paredes da morte", são principalmente utilizadas para a captura do peixe espada, cujos stocks também estão a descer, mas também são responsáveis pela captura e morte regular de baleias, golfinhos e tartarugas que se atravessem no seu caminho.

As redes de deriva foram banidas há vários anos pela ONU, pela União Europeia, pela ICCAT (Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico) e pela  GFCM  (Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo). Por outras palavras estas redes são definitivamente ilegais.

Apesar de terem sido gastos milhões de euros no desmantelamento das redes de deriva, ainda são amplamente utilizadas no Mar Mediterrâneo. Centenas de milhares de quilómetros destas redes ilegais matam indiscriminadamente a vida marinha. Em 2006 a Greenpeace confrontou e confiscou redes de deriva a embarcações de pesca italianas, incluindo a de um armador que recebeu 28.000 euros em subsídios para mudar o seu equipamento de pesca.

Desenvolvimento costeiro
Os mantos de ervas marinhas são comuns em áreas de pouca profundidade próximo da costa de grande parte do Mar Mediterrâneo. Estas áreas, importantes para o crescimento de várias espécies, ajudam a proteger o fundo do oceano e proporcionam um habitat muito especial para pequenos animais e plantas. Contudo, o desenvolvimento explosivo da zona costeira com hotéis, casas de férias, marinas e portos está a destruir estes mantos. Nos piores casos, estes já desapareceram conduzindo a uma perda considerável de habitats e de biodiversidade.

Entre 2005 e 2006, a Greenpeace Espanha descobriu que 1.5 milhões de casas e 293 campos de golfe foram construídos ao longo de 8000 quilómetros da costa Espanhola.  Foram construídos ou ampliados 116 portos de lazer e foram descobertos 102 casos de corrupção. A falta de planificação e o desleixo no desenvolvimento ao longo da costa está a causar problemas graves de erosão e poluição.

Poluição 
Todos os anos milhares de toneladas de resíduos tóxicos são despejados directamente no Mar Mediterrâneo. A poluição dos navios, da agricultura, do turismo e das cidades está a agravar a crise. Sedimentos de mercúrio, cádmio, zinco e chumbo ficam concentrados em pontos quentes, frequentemente localizados em zonas costeiras expostas à poluição. Estas substâncias podem viajar milhares de quilometros constituindo um risco irreversível para a saúde humana e para a vida marinha de toda a região.

Aproximadamente um terço do total de navios de carga do mundo atravessa o Mar Mediterrâneo todos os anos. Cerca de 370 milhões de toneladas de petróleo são transportadas anualmente através deste mar - o que constitui mais de 20% do total a nível mundial. Em média o mar Mediterrâneo sofre dez derrames de petróleo por ano.

A expedição esta a apelar à criação de reservas marinhas
A expedição "Defender o Mediterrâneo" vai confrontar estas ameaças. A Greenpeace está a a apelar à criação de uma rede de reservas marinhas que abranja 40%  dos oceanos -  grandes reservas para proteger as águas internacionais e uma rede de pequenas reservas para proteger áreas costeiras e permitir que as zonas de pesca recuperem e prosperem de novo. Uma rede de reservas marinhas no Mar Mediterrâneo vai provocar uma mudança e criar condições para a protecção e conservação da vida marinha.

A exigência da criação de reservas marinhas no Mar Mediterrâneo integra-se no apelo da Greenpeace para a criação de uma rede global de reservas marinhas, devidamente geridas e que abranja 40% dos oceanos a nível mundial. O navio da Greenpeace, Esperanza está neste momento no Oceano Pacífico a confrontar a pesca excessiva e a aplear à criação de reservas marinhas no Pacific Commons.

(Greenpeace, 07/05/2008)


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