Os efeitos do ciclone que atingiu o Estado no final de semana e deixou milhares de desalojados ainda eram sentidos ontem no Vale do Sinos. Centenas de moradores de áreas ribeirinhas de Campo Bom, Novo Hamburgo, Sapiranga e São Leopoldo ficaram desalojados depois que a água do Rio dos Sinos invadiu suas casas. Um dia antes, mais de 230 residências haviam sido atingidas pelo Sinos em Taquara, no Vale do Paranhana.
Em Novo Hamburgo, foram registrados alagamentos nos bairros Santo Afonso, Canudos e Vila Integração. Em São Leopoldo, o problema se concentrou no bairro São Geraldo. Em Sapiranga, nos bairros Prainha, Olaria e Porto Palmeira. O município mais castigado foi Campo Bom. O bairro Barrinha ficou isolado, e cerca de 450 casas foram atingidas, embora apenas 35 famílias tenham saído de suas residências. A maior parte foi para casas de parentes e amigos e para o pavilhão de uma escola municipal. Por causa da enchente, as aulas foram suspensas ontem na Escola Municipal Princesa Isabel.
As pessoas abandonaram suas casas. Na Rua Pio XII, o oleiro Israel Adriano, 30 anos, saiu levando a bicicleta. A mulher, Adriana da Silva, 34 anos, e duas filhas haviam deixado a residência em torno das 23h do dia anterior:
- Ergui o que tinha na cozinha e saí. Vamos ficar na casa de um cunhado.
Em Sapiranga, o nível do Sinos ficou em torno de 10 metros acima do normal. Provocou alagamentos em ruas até 400 metros distantes do leito. A Defesa Civil do município removeu pelo menos 60 famílias moradoras de áreas ribeirinhas.
Um dia antes, o Rio dos Sinos já havia invadido ruas e residências de Taquara, no Vale do Paranhana, deixando dezenas de casas submersas. Ontem, parte dos desabrigados retornou para casa, mas a estimativa do Corpo de Bombeiros é de que a situação não se normalize antes de três dias. Espera-se que o nível do rio baixe entre 30 e 40 centímetros por dia.
Ontem à tarde, o mecânico Everton Oliveira, 23 anos, e a mulher Márcia da Silva, 27 anos, tinham a expectativa de retornar hoje à tarde para casa.
(Por Carla Dutra, Zero Hora, Correio do Povo, 07/05/2008)