A morte de dois carvoeiros no município de Lauro Müller, em Santa Catarina, devido à explosão de uma máquina, questiona a segurança dos trabalhadores nas minas de carvão. Para o coordenador geral da organização não-governamental catarinense Sócios da Natureza, Tadeu Santos, o trabalho dos mineiros não possui nenhuma segurança. O carvoeiro também perde qualidade de vida ao se submeter ao serviço.
“O trabalhador mineiro, quando não morre soterrado, como aconteceu, em Lauro Müller, morre com a pneumoconiose, que é a doença do pulmão negro. Todos os dias, todas as semanas, todo o mês e todo o ano respirando pó de carvão, ele contamina o pulmão, e ele morre com essa doença, que é incurável. Prova disso é que o governo, o estado, a união, aposenta os mineiros com 15 anos de trabalho”, diz.
Tadeu afirma que o governo estadual está sendo contraditório. Por um lado, se diz ambientalista e, por outro, cede licenças para as usinas de carvão. Para Tadeu, quem sai ganhando nesse setor é apenas o empresariado, que lucra com o trabalho escravo.
“Se você tem que trabalhar a mais de sete palmos, todos os dias, embaixo da terra, se você tem que trabalhar sem ver o sol, ganhando pouco e adquirindo uma doença, é também uma forma de escravidão. Porque o dono da mina, em pouco tempo, numa mina ele fica poderoso e rico, compra canais de rádio, jornais, redes de hotéis, e o mineiro trabalha, trabalha, fica doente, morre pobre, quando não fica soterrado”, diz.
Além dos impactos sociais, as minas de carvão causam graves danos ao meio ambiente. Tadeu afirma que os recursos hídricos da região ficam poluídos, como é o caso da bacia do rio Araranguá, contaminada com metais pesados. A situação também impossibilita que a comunidade se beneficie da pesca.
Contatado pela reportagem, o engenheiro de minas e assessor técnico do Sindicato das Indústrias de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (SIECESC), Cleber Gomes, apenas se deteve no acidente ocorrido no final de semana. Ele afirmou que a perícia no local do acidente prossegue nesta quarta-feira (7), mas que até o momento não foram encontradas irregularidades na mina de carvão. De acordo com a perícia, o local está em perfeitas condições.
(Por Paula Cassandra, Agencia Chasque, 06/05/2008)