O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, classificou ontem (6) de ato “terrorista” por parte dos índios a construção de tendas segunda-feira (5) na área da Fazenda Depósito, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Na ocasião, 10 indígenas foram baleados por funcionários de arrozeiros. “A ação de ontem foi uma ação terrorista e o terrorismo é difícil você conter”, afirmou.
Ao ser questionado por jornalistas se terrorista não seria um termo forte, o governador preferiu dizer que o ideal seria classificar como um ato de “insanidade”. E explicou: “Se estamos discutindo uma questão polêmica onde existe um conflito e as partes com pensamentos antagônicos, temos a promessa do Supremo [Tribunal Federal] de definir isso com celeridade. Qualquer pessoa de bom senso não entende isso como uma situação normal essa invasão de ontem”.
Em entrevista ontem, o governador definiu como invasão a entrada dos índios na fazenda de arrozeiros. Hoje, ele voltou a negar que esteja tomando partido dos produtores de arroz. “Não estou aqui defendendo o interesse de meia dúzia de empresários arrozeiros, estou defendendo os interesses do meu estado, dos quais 47% já são demarcações indígenas. Tenho o apoio hoje de 80% das comunidades indígenas de Roraima.”
Nesta tarde, o governador de Roraima irá protocolar no Supremo uma ação com questionamentos sobre a legalidade da demarcação de terras da Raposa Serra do Sol. De acordo com o procurador-geral do estado, Luciano Alves de Queiroz, um dos objetivos é pedir a anulação do laudo antropológico que baseou a demarcação das terras em área contínua.
Pela manhã, o governador esteve no Palácio do Planalto, onde se reuniu com o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Segundo José de Anchieta Júnior, na conversa eles trataram apenas de recursos para o estado de Roraima.
(Radiobrás,
Amazonia.org.br, 06/05/2008)