O governador de Roraima, José de Anchieta Júnior, definiu em Brasília o incidente ocorrido nesta segunda-feira (05/05) entre funcionários de arrozeiros e índios na Terra Indígena Raposa Serra do Sol como atitude “lamentável” e “que não cheira bem”. As declarações foram dadas após audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. No encontro, Anchieta Júnior pediu celeridade ao julgamento das ações pendentes que contestam a demarcação da reserva.
“Essa atitude, neste momento, não me cheira bem. Há algo estranho por trás dessa invasão, já que havia uma promessa de ambas as partes de esperar essa decisão do Supremo. Qual seria a intenção de alguém invadir uma fazenda?”, questionou Anchieta Júnior. “Isso me deixa surpreso, triste e não combina com intenção das partes que querem o melhor para o país”, acrescentou, ao defender que a Polícia Federal esclareça os fatos.
Apesar de se referir ao termo invasão, que também aparece na versão do líder dos arrozeiros Paulo César Quartiero, o governador negou atribuir culpa aos índios pelo ocorrido: “Não estou responsabilizando ninguém. Se houve realmente a invasão, não caberia também aos arrozeiros agir dessa forma [com tiros]. Teria outras maneiras mais pacíficas de conter essa invasão.”
Anchieta Júnior informou que o governo de Roraima vai anexar aos processos que correm no STF documentos de contestação ao laudo antropológico que baseou a demarcação contínua e informações sobre o peso dos produtores de arroz na economia estadual, que seria de 7% do Produto Interno Bruto (PIB).
A posição do governador é em defesa da permanência dos produtores em parte da área de 1,7 milhão de hectares. A estimativa dele, que também se reuniu hoje com o relator das ações, ministro Carlos Ayres Britto, é de que o julgamento aconteça em no máximo três semanas.
“O ministro Ayres Britto me prometeu que seu voto estaria pronto em uma semana. E a marcação da data do julgamento no plenário cabe ao presidente, que também reafirmou a intenção de celeridade”, disse Anchieta Júnior.
(Por Marco Antonio Soalheiro, Agência Brasil, 05/05/2008)