O total de precipitação registrado em Pelotas nos primeiros cinco dias de maio já superou a quantidade prevista para todo o mês. Desde o dia 1º já choveu na cidade o equivalente a 129,3 milímetros, conforme os dados do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel), o que representa 36% a mais do que os 95 milímetros considerados normais para o período de 31 dias. Somente o volume registrado entre domingo e segunda-feira chegou a 59 milímetros.
A chuvarada ajudou a recuperar o nível da barragem Santa Bárbara, responsável pelo abastecimento de 40% dos 342,5 mil habitantes da cidade, que nos últimos dias de abril chegou a estar 1,2 metro abaixo de seu nível normal e ontem já estava com apenas 90 centímetros negativos. A recuperação dos mananciais que contribuem para o reservatório faz os técnicos do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) acreditarem que nas próximas 48 horas o nível da Santa Bárbara estará completamente recuperado. 'Essa quantidade de chuva afasta o risco de termos de bombear água das partes mais profundas para garantir o abastecimento e nos garante um fôlego extra de pelo menos 60 dias', disse o diretor-presidente do Sanep, Ubiratan Anselmo. Nos reservatórios do Sinott e Moreira, responsáveis por abastecer o restante da cidade, a chuva dos últimos dias já recuperou completamente os níveis e a situação é considerada tranqüila pelos técnicos do Sanep.
Nos demais municípios da região, todavia, as precipitações não foram suficientes para amenizar os efeitos da estiagem. Dos 17 municípios monitorados pela Defesa Civil, apenas em Morro Redondo o total de chuvas registrado este ano foi maior que no mesmo período de 2007. Desde o início de janeiro já choveu 603 milímetros, enquanto no mesmo período de 2007 a marca foi de 541,5 milímetros.
As situações mais graves persistem nos municípios de Chuí, Arroio Grande, Pedras Altas, Santa Vitória do Palmar, Jaguarão e Herval, que apresentam um déficit hídrico superior a 50%, na comparação com os quatro primeiros meses do ano passado. Em Chuí, no extremo Sul do Estado, o déficit chega a 80% este ano. Entre janeiro e maio de 2007 choveu no município 725 milímetros, enquanto em 2008 o índice acumulado soma apenas 144 milímetros.
(Correio do Povo, 06/05/2008)