Um dos símbolos da ação educacional desenvolvida no Rio Grande do Sul pelo governo de Leonel Brizola pode virar patrimônio histórico e cultural do Estado. A idéia é do deputado Gilmar Sossella (PDT) que protocolou um projeto de lei na Assembléia Legislativa para transformar em patrimônio histórico e cultural o prédio e a área pertencentes à Escola Estadual de Ensino Fundamental São José, localizada em Povoado Sérvia, no município de Barão de Cotegipe. A proposta aguarda manifestação do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado – Iphae para continuar tramitando no parlamento gaúcho.
Sossella justifica seu projeto enaltecendo o significado histórico, cultural, educacional e de desenvolvimento da referida escola, que após quase cinco décadas desde a sua criação, está marcada por diversas fases evolutivas de lutas e insistências no campo educacional.
História
No período entre 1959 a 1963, o Rio Grande do Sul foi governado pelo engenheiro Leonel Brizola. Nesse período, o governo implementou o projeto educacional “Nenhuma criança sem escola no Rio Grande do Sul”. Tal projeto resultou em significativa expansão quantitativa do sistema de ensino público do Estado. Prédios escolares foram construídos e ficaram conhecidos como “brizoletas” ou “escolinhas do Brizola”.
A construção dos prédios escolares em comunidades rurais, contratação de professores e o significativo número de novos alunos matriculados são fatores que tornaram este processo um marco na educação, que ainda sobrevive na memória de grande parcela da população e pode ser visualizado através das poucas unidades destes prédios escolares que sobrevivem ao tempo.
A Escola São José foi construída a partir de 1960 em uma área doada ao Estado pela comunidade rural de Linha Sérvia, localizada, no interior de Barão de Cotegipe, na região do Alto Uruguai. Construída em madeira numa área de 4,2 hectares, a escola foi edificada num período em que a carência por educação no país era dissimulada. Índices do período de 1950 a 1958 mostravam que cerca de 50% da população brasileira era analfabeta, que o índice médio de evasão no ensino estadual foi de 19,64% e o índice médio de reprovação de 35,39%.
A construção de escolas no meio rural visava combater os obstáculos diretos à educação, entre eles, a dificuldade de acesso e a atividade rural das famílias.
Evolução
O resultado do projeto transformou o perfil de diversas comunidades e em linha Sérvia e região não foi diferente. Em 1975 a escola foi ampliada, agregando a denominação Agroflorestal. Com sua ampliação, 296 alunos concluíram o ensino fundamental e mais de mil alunos passaram pela “Brizoleta São José”.
Em 1996, em meio à forte onda de êxodo rural e à crise na agricultura, a Escola São José lançou o programa de educação ambiental “Educar e Preservar”, iniciativa pioneira com proposta pedagógica voltada ao desenvolvimento da consciência ecológica, ao planejamento, à prática das mudanças e a ação para a manutenção das mesmas. I iniciativa resgatou e ampliou a valorização da educação rural.
O deputado Sossella encaminhou pedido ao Iphae, através da Secretaria de Cultura do Estado, para que o instituto se manifeste quanto a viabilidade do pleito, pois acredita que a iniciativa é interesse de grande parte da sociedade gaúcha.
(Por Antonio Grzybovski, Agência de Notícias AL-RS, 05/05/2008)