Os investimentos que as empresas Braskem, Solvay, Dow e Nova Petroquímica contingenciaram para produzir resinas com matérias-primas renováveis já se aproximam de US$ 1,3 bilhão. E o Rio Grande do Sul pode pegar carona neste montante. O Estado disputa com a Bahia a oportunidade de sediar o projeto da Braskem, que pretende fabricar polietileno a partir do etanol de cana-de-açúcar.
Também a Dow, em parceria com a empresa Crystalsev, planeja produzir polietileno a partir do álcool. As duas plantas de plástico verde devem iniciar suas operações em até três anos. Já a Solvay pretende usar o etanol para fazer PVC, e a Nova Petroquímica, polipropileno a partir de glicerina residual do biodiesel.
O presidente da Plastivida, Francisco de Assis Esmeraldo, prevê que a "onda verde" se espalhará pelas várias resinas termoplásticas. Esmeraldo só faz a ressalva de que ainda será preciso superar o debate quanto ao uso de produtos agrícolas como alimentos ou como combustíveis. O dirigente pondera que o Brasil tem uma ampla área agriculturável e poderá atender a ambas as demandas.
Esmeraldo comenta que com o preço atual do petróleo, a cana-de-açúcar torna-se cada vez mais viável economicamente como matéria-prima petroquímica. O dirigente enfatiza que o plástico verde não é biodegradável e apresenta as mesmas propriedades da resina derivada do petróleo. A vantagem ecológica do produto está no período de vegetação da cana-de-açúcar. Nesta etapa, a planta absorve gás carbônico da atmosfera.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Jorge Cardoso, o Brasil está no rumo certo quanto às pesquisas para a geração de produtos alternativos aos produzidos com base no petróleo. Neste sentido, o governo brasileiro atua no campo diplomático para difundir as vantagens da utilização dos biocombustíveis.
Recentemente, em inauguração de uma planta petroquímica da Braskem, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que "o mundo não vai prescindir do etanol e o Brasil vai cada vez produzir mais". Lula acrescentou que terá um "imenso prazer" quando no futuro chegar ao exterior com o primeiro "carro verde", que terá peças fabricadas com plástico produzido do álcool. O presidente está convencido que o etanol veio para ficar.
(Por Jefferson Klein, JC-RS, 05/05/2008)