Chuva e ventos de mais de 100 km/h atingiram várias cidades do Estado no sábado e deixaram desalojados

Região Metropolitana e Litoral Norte estão entre as áreas mais afetadas pela fúria do fenômeno

O alerta sobre a passagem de um ciclone extratropical pelo Estado colocou órgãos de defesa e empresas de serviços públicos em prontidão, mas foi insuficiente para o atendimento de todos os chamados. O fenômeno, marcado pela chuva constante e pelos ventos de mais de 100 km/h no sábado, provocou enchentes, interrompeu a BR-101 e deixou 340 mil pessoas sem energia elétrica.

Mesmo com cerca de 50% mais homens de plantão e três atendentes (em vez de dois) para receber as ligações na Capital, os bombeiros tiveram de selecionar as chamadas.

Em Porto Alegre, a queda de centenas de árvores em vias públicas deu trabalho a equipes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), da CEEE e do Corpo de Bombeiros. A remoção continuará hoje devido ao grande volume de ocorrências.

Chuvas
No Estado, a Defesa Civil atendeu, só no sábado, mais de 3,4 mil ligações. Segundo o secretário da Defesa Civil de Porto Alegre, coronel Sidnei Viapiana, a chuva e os ventos extrapolaram as previsões.

A chuva atingiu 378 dos 496 municípios gaúchos durante 30 horas ininterruptas. No Litoral Norte, entre as 2h e 9h de sábado, choveu 110 milímetros, exatamente a média mensal.

O número de desalojados - pessoas que tiveram de recorrer a casas de parentes ou vizinhos - em decorrência das cheias é de 3,5 mil, sendo 2,5 mil na Região Metropolitana e mil no Litoral Norte. Outras 350 estão desabrigadas, sendo 300 na Região Metropolitana e o restante em cidades como Tramandaí e Cidreira, no Litoral Norte. O subchefe da Defesa Civil no Estado, tenente-coronel Joel Prates Pedroso, avaliou o temporal como o mais forte dos últimos 10 anos em território gaúcho.

Três dias após as primeiras chuvas, seguem sem luz pelo menos 81 mil pessoas no Rio Grande do Sul, cerca de 22 mil clientes. As empresas não têm previsão para normalizar.

BR bloqueada
Por questões de segurança, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) decidiram interromper a BR-101 entre Osório e Vila São João, Torres. A força da água arroncou o asfalto em vários pontos. Representantes dos dois órgãos devem se reunir hoje para decidir o que fazer.

Em Santa Catarina, o ciclone transformou algumas cidades do Sul em um cenário que não se via desde a última enchente, em 1974. Mais de 400 pessoas tiveram suas casas invadidas pela água. Cerca de 150 famílias nos municípios de Araranguá e Ermo precisaram abandonar suas casas.

(Diário de Santa Maria, 05/05/2008)