A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, propôs, em Londres, durante reunião com o príncipe Charles, a taxação dos mercados financeiros mundiais com a finalidade de constituir um fundo para subsidiar produtos florestais não-madeireiros, como óleos, fibras, látex e sementes, além do reflorestamento.
A governadora defende a criação de um mecanismo mundial que financie o que ela denominou de "commodities florestais". “É justo taxar o próprio capital, que em última análise é aquele que pressiona a exploração dos recursos naturais”, avalia a governadora.
O príncipe Charles afirmou que o Brasil faz muito pela preservação da floresta amazônica, embora sofra pressão pelos recursos minerais e pela produção de alimentos, e destacou que o mundo precisa ajudar na conservação da floresta. Defendeu ainda a criação de mecanismos que resultem na melhoria da qualidade de vida dos quase 25 milhões de habitantes da Amazônia, para que possam usufruir de seus benefícios e atuar como agentes da conservação, não da destruição.
O príncipe ressaltou que, embora pesquisadores estudem mecanismos para eliminar os gases lançados na atmosfera, existe uma máquina natural muito mais eficiente, a floresta, que limpa a atmosfera e regula as chuvas, além de possuir uma grande biodiversidade que ainda precisa ser totalmente descoberta.
Para Ana Júlia Carepa, há o reconhecimento mundial de que as florestas tropicais cumprem um papel importante na regulação do clima. No entanto, a extração de madeira tem peso significativo na economia desses países. Ela disse que só há um meio de enfrentar essa força que causa o desflorestamento: impor um movimento econômico em sentido contrário, mas com a mesma intensidade, que induza à manutenção da floresta em pé.
Embora considere que há muitas perguntas a serem respondidas, o herdeiro do trono britânico acredita que o Brasil pode contribuir com um modelo de conservação aplicável às demais florestas tropicais do mundo. “Vamos fazer todo o possível para ajudar na construção desse processo, estreitando relações e trabalhando mais próximo do Brasil”, declarou Charles.
(Carbono Brasil, 02/05/2008)