Foi sem alarde que na terça-feira, 22 de abril, a Prefeitura publicou no Diário Oficial o decreto que torna patrimônio ambiental do município cinco áreas do bairro Moinhos de Vento. A decisão inédita atendeu à mobilização dos moradores, que através da associação comunitária Moinhos Vive, recolheram mais de mil assinaturas para manter intactas as características do bairro diante do avanço da construção civil.
“É uma grande vitória, pois representa mais um passo em direção à conservação do traçado e das árvores da região e também mostra a importância histórica e ecológica dessas áreas”, comemora Raul Agostini, presidente da Associação de Moradores do Moinhos de Vento.
Os logradouros ostentam imponentes jacarandás e se somam ao túnel verde da Marquês do Pombal, tombado em 2006. Juntos formam um “caminho verde” no coração do Moinhos de Vento, que passa a ser o bairro com maior número de ruas preservadas por lei de Porto Alegre.
Apenas outras duas ruas da capital estão sob proteção: a Gonçalo de Carvalho e José Mendes Ouriques, respectivamente nos bairros Floresta e Ipanema.
No texto elaborado pela Secretaria e assinado pelo prefeito, é destacada a “singularidade das espécies vegetais, notáveis por seu porte, raridade em relação à concentração, interatividade na cadeia alimentar, bem como relevante valor paisagístico”.
Como Áreas de Uso Especial, além das árvores, também o calçamento será preservado. No entanto, o decreto não impede o manejo da arborização.
A luta continuaO abaixo assinado enviado pelo Moinhos Vive à Smam solicitava a demarcação de 12 áreas verdes do bairro. Além das contempladas, o pedido incluía as vias Dona Laura, Mariante, Engº Álvaro Nunes Pereira, Luciana de Abreu, Santo Inácio, Hilário Ribeiro, Barão de Santo Ângelo e Padre Chagas. A Dr. Timóteo foi incluída na lista pela Smam.
“Mesmo que a nossa reivindicação não tenha sido totalmente atendida, consideramos a medida um avanço”, afirma Agostini.
O líder comunitário destaca que a associação continuará pleiteando o decreto para as ruas Barão de Santo Ângelo e Luciana de Abreu.
A assessora jurídica do Smam, Luciane Neme, explica que a mobilização não foi totalmente atendida por falta de equipes para avaliar as vias requeridas. “Usamos a experiência para determinar as mais importantes”.
(Por Helen Lopes, Jornal JÁ, 02/05/2008)