Depois de décadas de intensa pesquisa, e descobertas, sobre evidências da influência humana no clima da Terra, cientistas começam a mudar para um novo, e surpreendente, empreendimento: criar previsões de até uma década para o clima, assim como os meteorologistas geram previsões do clima para o fim de semana.
Uma das primeiras tentativas de tentar prever as condições meteorológicas com uma década de antecedência, usando simulações por computador e medições das temperaturas oceânicas, aponta para uma onda de esfriamento na Europa e na América do Norte, provavelmente relacionada ao desvio de correntes oceânicas, mesmo no mundo cada vez mais aquecido. A equipe que gerou a previsão é formada por estudiosos de dois centros de pesquisa meteorológica da Alemanha.
Em um texto da revista Nature, desta quinta-feira (1º), os pesquisadores explicam que seu método pode servir de modelo para outras previsões porque respeitam padrões climáticos já consagrados na pesquisa meteorológica. Os pesquisadores enfatizam que a pausa no aquecimento representa apenas uma trégua temporária da previsão de aumento de temperatura, causado pela liberação de dióxido de carbono e outros gases acumulados responsáveis pelo efeito estufa.
O novos estudo é voltado para as relações entre as tendências climáticas de curta duração e o sistema de correntes marítimas do Oceano Atlântico. As previsões são feitas repetidamente com a simulação do clima global e o ajuste às condições simuladas de acordo com as medições de temperatura das águas. Os pesquisadores acreditam, no entanto, que o modelo seja aplicável apenas em simulações feitas para a Europa e a América do Norte.
"Nós estamos aprendendo que a variedade interna do clima é importante e pode mascarar os efeitos das mudanças climática induzidas pela ação do homem", afirmou o pesquisador Noel Keenlyside, do Instituto de Ciências Marinhas Leibniz, em Kiel, na Alemanha. "No final, isso nos dá mais confiança nas projeções de longo prazo", diz.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 02/05/2008)