O responsável da nova célula de crise das Nações Unidas para enfrentar a subida de preço dos alimentos manifestou-se hoje contra uma resposta precipitada contra o desenvolvimento dos biocombustíveis. "Julgo que é de evitar uma resposta precipitada", disse aos jornalistas John Holmes, um dia depois de o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, ter anunciado a criação de uma célula de crise encarregue de lidar com a questão da subida do preço dos alimentos e os consequentes problemas de fome.
Entre as causas da crise alimentar mundial são apontadas a diminuição da produção agrícola nos países em desenvolvimento, as catástrofes climáticas e o desenvolvimento dos biocombustíveis (que usam cereais para a produção de combustível, fazendo aumentar o preço destas matérias-primas).
"Os biocombustíveis foram desenvolvidos em resposta ao problema dos efeitos das alterações climáticas e devido à necessidade de diminuir as emissões de gases com efeito de estufa. Não foram criados apenas por prazer", acrescentou o responsável, citado pela agência France Press.
O relator da ONU para o direito à alimentação, Jean Ziegler, já classificou de "crime contra a humanidade" a produção massiva de biocombustíveis. Mas para o responsável da nova célula de crise da ONU, a situação é "mais sofisticada": "em certas regiões é sensato produzir biocombustíveis, mas noutras não é forçosamente assim".
(Lusa, Ecosfera, 30/04/2008)