Como já aconteceu com 90% dos cerca de 400 monumentos de Porto Alegre, sede da Polícia Civil do Rio Grande do Sul é alvejada por pichadores, que travam batalha com a prefeitura
As letras estilizadas do ato de vandalismo mostram que o desrespeito não tem mais limite
O novo ataque aconteceu em meio ao esforço de Porto Alegre, que se inspirou em São José dos Campos (SP) para vencer o problema. A cidade paulista é referência nacional no combate à pichação. A ação de pichadores contra a fachada do Palácio da Polícia, na esquina das avenidas João Pessoa e Ipiranga, não foi testemunhada. A tinta foi removida pela manhã. O ato de vandalismo revoltou o chefe de Polícia, delegado Pedro Rodrigues:
- Acho que a pena alternativa não serve para nada. O sujeito faz uma vez, vê que não dá nada e depois está pichando o palácio do governo. É preciso uma medida mais violenta: além de limpar, contribuir com o pagamento de salários de instituições de caridade e sofrer na pele o que a sociedade está passando.
Desde maio de 2006, 183 pessoas foram detidas
O porto-alegrense tem dificuldade para encontrar monumentos intactos. Dos cerca de 400 monumentos, estátuas, bustos e placas que compõem a memória histórica de Porto Alegre, 90% estão marcados por agressões a tinta, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). Na Redenção, placas de bronze chegaram a ser retiradas e guardadas pela administração para não serem furtadas.
Desde maio de 2006, 138 pichadores - 80 adolescentes e 58 adultos - foram detidos pela Guarda Municipal graças a denúncias feitas pela população por meio do Disque-Pichação, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana. O serviço, que funciona pelo número 153, registrou 755 reclamações desde sua criação.
A pena prevista para os pichadores é de detenção de três meses a um ano e multa. Para os adolescentes, que correspondem à maioria dos detidos, o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) impõe a reparação do dano e aplica como medida alternativa a realização de serviços comunitários. Em pelo menos um caso, o pichador foi obrigado a pagar a elaboração de material informativo.
(Por Maicon Bock, Zero Hora, 01/05/2008)