O pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite Mateus Batistela falou quarta-feira (30/04) no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp sobre Mudanças Ambientais a partir do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Preferiu alterar a proposta original de também abordar a crise ambiental global, onde as dimensões humanas não existem, de acordo com ele. Ao abordar o LBA, destacou a sua participação internacional. "Há múltiplos projetos complementares no mundo inteiro estudando a questão", informou.
Mateus disse por exemplo que o LBA desenvolveu até junho de 2007 mais de 150 projetos de pesquisa, teve mais de 280 instituições parceiras e 2.500 pesquisadores. O sucesso do LBA, a seu ver, já está sendo vislumbrado com as 1.340 publicações. Parte importante de um acordo bilateral com os Estados Unidos tem sinalizado para a exigência de implantação de programas de mestrado e doutorado. Foram 500 mestrados formados pelo LBA.
O experimento responde a duas questões centrais em relação às mudanças ambientais, derivadas do clima e uso da terra. "Lutamos por uma visão integrada e interdisciplinar entre ciências sociais e naturais", comentou. Segundo Mateus, vários cientistas estão estudando o efeito-estufa, outros o armazenamento e troca de carbono e outros ainda hidrologia de superfície, além de mudanças de uso e cobertura da terra.
As leituras multiescalares, concluiu Mateus, têm ajudado a entender a visão desse processo. Alguns resultados já mostram que a escala influencia na análise, que as diferenças na qualidade do solo se mostram mais marcantes (quando feitas em comparação entre regiões) e que a arquitetura dos assentamentos afeta a estrutura da paisagem e os processos de fragmentação florestal. "Com tanta complexidade, a Amazônia é a região em que o PIB mais cresce e recebe uma boa cobertura do PAC", salientou.
Um dos desafios para a região é desenvolver uma estratégia colaborativa aos esforços de modelagem e síntese através de parcerias entre projetos. Em fase de transição, Mateus lembrou que a principal fonte de financiamento do LBA é a Nasa, com investimentos de mais de 50%, que deve terminar neste final de 2008. "Vamos torcer para que o financiamento prossiga."
(Por Isabel Gardenal, Jornal da Unicamp, 30/04/2008)