Ao menos 40 casas das ruas Poema dos Olhos e Major Walter Carlson, no Jardim Arpoador, região do Butantã (zona oeste de São Paulo), estão situadas sobre solo contaminado por solventes aromáticos dispensados incorretamente pela fabricante de tintas Akzo Nobel.
Relatório da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) de novembro de 2007 informa que um lençol freático que passa pela região também foi atingido. A contaminação começou há mais de 30 anos, informa a Cetesb.
A reportagem apurou que a Akzo Nobel tem oferecido às famílias prejudicadas casas que valem o dobro do valor das suas. Segundo uma moradora, é possível escolher o imóvel em qualquer região da cidade.
Moradores que ainda não foram contatados pela fábrica estão revoltados. Eles afirmam que a noção do desastre ambiental veio à tona somente nos últimos anos e que, além dos estragos físicos, como paredes de casas esverdeadas e descascadas, solo umedecido com solvente e poços de água inutilizados, crianças, adultos e idosos têm sofrido graves problemas de saúde.
A dona-de-casa Salete dos Santos, 67, afirma que sua neta teve de se mudar devido à forte alergia nos olhos. "Com sete anos ela começou a coçá-los. Aos 15 teve de fazer transplante nas córneas. Agora que ela está morando em outra cidade, já melhorou", afirma.
Em nota, a Akzo Nobel informa que identificou a contaminação em 2004, mas que ela ocorreu há mais de 30 anos, quando a empresa não pertencia ao atual dono. De acordo com a Akzo Nobel, estudos ambientais feitos pela empresa apontam que a contaminação na região não implica em riscos aos moradores nem a seus funcionários.
(Folha de São Paulo, 01/05/2008)