No dia 17 de maio será realizada uma audiência pública no município de Santa Cruz do Xingu, requerida pelo deputado estadual Mauro Savi (PR), para discutir o Projeto Xingu Mata Viva. A iniciativa do projeto nasceu da demanda dos moradores, desde assentados a empresários do meio rural, e objetiva propor um modelo de sustentabilidade socioambiental e econômica da região Norte Araguaia através da comercialização de carbono nas áreas que integram o projeto.
O Projeto Xingu Mata Viva abrange 19 municípios no entorno do Parque Nacional do Xingu. Ele faz parte da metodologia do Projeto Brasil Mata Viva, desenvolvida pela Imei Consultoria, que se expressa na concepção e elaboração de mecanismo de compensação pela conservação e preservação das matas dos biomas amazônico e cerrado.
Segundo a coordenadora do projeto, Maria Tereza Umbelino de Souza, o pilar do projeto é a legalização total das atividades produtivas da região. “A floresta passa a ser uma fonte de renda e não mais um empecilho para do desenvolvimento econômico. Para isso vamos trabalhar toda uma cadeia produtiva sustentável”, ressalta ao observar que iniciativa é uma forma consciente de mobilizar, agir e solucionar os problemas da comunidade de Santa Cruz frente aos desafios da sobrevivência na região.
A proposta do projeto é a obtenção de recursos, por meio da compensação da neutralização de emissões de gases (crédito de carbono) para a promoção de soluções sustentáveis para a região. Nesse sentido, o Xingu Mata Viva promoverá a desaceleração de desmatamento em mais de 50 milhões de hectares de mata primária do bioma amazônico por meio de uma barreira composta de reflorestamento de seringueiras; a recomposição, reflorestamento e o manejo sustentável de áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, além do enriquecimento de Reservas Legais com espécies madeireiras.
A matriz produtiva proposta pelo projeto é composta de biodiesel; fábrica de ração; reflorestamento; fábrica de leite em pó; projetos sociais; geração de energia renovável a partir do biodiesel; utilização de subprodutos do biodiesel, a exemplo do farelo de soja para fabricação de ração animal; incremento na profissionalização da pecuária leiteira e possibilidade de geração de mais de 20 mil ocupações.
Segundo Maria Tereza, somente com o volume de áreas que aderiram ao projeto, o potencial de busca de recursos do Projeto Xingu Mata Viva é de cerca de R$ 300 milhões via MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) nos formatos do Protoolo de Kioto, de Fundos Públicos Privados ou mesmo do Mercado de Compensação Voluntário.
Recentemente foi assinado um termo de cooperação entre a Pronatura e a Imei consultoria, onde a Pronatura atua como agente captador de recursos. Além disso, o Xingu Mata Viva despertou o interesse do Ministério do Meio Ambiente e da Embrapa. O objetivo agora, conforme Maria Tereza, é buscar o apoio do poder público local e estadual.
A audiência pública será realizada no ginásio de esportes Leide Daiane Martins Mota, a partir das 14h.
(Por Marcia Raquel, AL-MT, 30/04/2008)