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desmatamento da amazônia
2008-05-01
O estudo também indicou que, comparado aos primeiros meses do ano passado, o MT teve o dobro de áreas desmatadas

A incidência de desmatamento nos primeiros meses de 2008 praticamente dobrou em relação ao ano passado nos estados do Pará e Mato Grosso, de acordo com o Relatório Transparência Florestal, produzido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).  O estudo mostra que nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2008 houve um crescimento inesperado do desmatamento, por ser época de chuvas.

Os dados são alarmantes porque o período de janeiro a março corresponde à estação chuvosa, época em que o desmatamento deveria ser extremamente baixo.  Além disso, segundo o relatório, é possível que a devastação seja ainda maior.  Por causa das chuvas, "os valores obtidos para o desmatamento nesses três meses estão subestimados".  As áreas desmatadas foram detectadas pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que utiliza imagens de satélite fornecidas pela Agência Espacial Norte Americana (NASA) e considera desmatamento apenas os casos de supressão total da floresta, o chamado corte raso.

De agosto de 2007 a março de 2008, o Pará totalizou 1.362 quilômetros quadrados de área desmatada, o que representa um aumento de 76% em relação ao período anterior.  A maior parte do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou de posse (93%) e 7% foram em assentamentos da Reforma Agrária.  O estudo revelou também que, no Pará, não houve desmatamento em Áreas de Conservação.

O desflorestamento foi maior nos municípios próximos à rodovia paraense Belém-Brasília e a situação mais crítica foi registrada em Ulianópolis, município onde o desmatamento chegou a mais de 18 quilômetros quadrados.  O relatório diz ainda que alguns municípios ficaram encobertos por nuvens, dificultando a detecção de áreas, como São Félix do Xingu, Marabá e Novo Progresso.  "É muito provável que o desmatamento nesse período tenha sido maior, mas não foi possível detectar.  Esse diagnóstico só ocorrerá nos meses seguintes quando deverá diminuir a cobertura de nuvens no Estado".

Mato Grosso

O estudo revela que no estado do Mato Grosso o desmatamento nos primeiros meses do ano foi de 149 quilômetros quadrados, o dobro da área desmatada nos primeiros meses de 2007.  Entretanto, de agosto de 2007 a março de 2008 o estado desmatou 1.853 quilômetros quadrados, apresentando uma queda de 16% do período anterior, que registrava 2.203 quilômetros quadrados.

Sozinho, o município de São Felix do Araguaia, norte do estado, corresponde a mais da metade (54%) da área desmatada de todo o MT. Outros municípios que apresentaram taxa elevada de desmatamento foram Querência (10%) e Gaúcha do Norte (7%).  Também foram detectados desflorestamento na área de entorno da Terra Indígena do Xingu.

A maior parte das áreas (94%) representa desmatamento ilegal, isto é, foram realizados em propriedades não cadastradas no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental (SIMLAM) ou em propriedades cadastradas que desrespeitaram os limites de reserva legal.  Não ocorreram desmatamentos em assentamentos de Reforma Agrária nem Áreas Protegidas.

O estudo Transparência Florestal foi produzido por Carlos Souza Jr., Adalberto Veríssimo e Anderson Costa, do Imazon.  Para os dados do Mato Grosso, ele contou também com a participação de Laurent Micol e Sérgio Guimarães, do Instituto Centro de Vida (ICV).

Divergências de índices

A divulgação desses dados reforça os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em janeiro deste ano, que mostrou aumento da área desmatada na Amazônia em 2007.  Os números foram objeto de polêmica entre o governo do estado do Mato Grosso, que discordou dos dados do Inpe justamente por este apresentar vários estágios de área desmatada, e não apenas o corte raso.  O estudo Transparência Florestal, entretanto, detecta apenas corte raso, e ainda assim mostrou aumento do desmatamento.

(Amazonia.org.br, 30/04/2008)



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