Tardam providências da Superintendência do Ibama no Espírito Santo para apurar as denúncias de contaminação da Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama com agrotóxicos lançados de avião. Tampouco são conhecidas as providências do Ministério Público Estadual (MPE) de Vila Valério sobre a contaminação de gente com venenos agrícolas.
A avaliação é do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Segundo Dorizete Cosme, da coordenação estadual, a omissão dos órgãos será cobrada e serão acionadas todas as instâncias estaduais responsáveis por conter as ações de destruição ambiental com lançamentos aéreos indiscriminados de agrotóxicos. Entre eles, o MPE.
Os agricultores querem ação do superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Espírito Santo, Reginaldo Anaisse Costa, no caso da contaminação da flora e da fauna da Rebio de Sooretama. As aplicações vêm sendo realizadas há cerca de um mês. O Ibama no Espírito Santo ainda responde pelas unidades de conservação, que foram transferidas para o Instituto Chico Mendes.
"O Ibama não pode ficar parado quando a biodiversidade da Rebio está sendo afetada", destacou Dorizete Cosme. O agravante é que o lançamento de agrotóxicos por avião é feito junto à Rebio e próximo a um posto do Ibama.
O MPA também cobra ações do MPE de São Gabriel da Palha, que responde por Vila Valério. "Não temos nenhuma informação sobre providências concretas no caso da contaminação de agricultores e escolares em Vila Valério. Por isso, vamos recorrer ao órgão estadual", disse Dorizete Cosme. A promotora responsável pelo caso é Blandina Irene Chamon Junqueira.
Os agricultores sabem que as aplicações dos venenos agrícolas por via aérea são feitas com autorização do Instituto Estadual de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf).
O encaminhamento das denúncias em instâncias superiores sobre o uso indiscriminado e criminoso de agrotóxicos com o emprego de avião será feito em maio próximo. No dia 10, às 9 horas, será realizada uma reunião ampla na Escola Família Agrícola (EFA) de Jaguaré para discutir o assunto.
Não está descartada uma denúncia dos lançamentos de agrotóxicos sobre gente e área de preservação permanente ao Linha Verde, do Ibama. Em mais de um caso, como sobre a destruição do manguezal e da foz do rio Meaípe, o superintendente Reginaldo Anaisse Costa não se manifestou sobre denúncias feitas pelo canal de comunicação da população com o Ibama.
Na ocasião, ele foi cobrado pela Ouvidoria do Ibama a agir para atender os moradores, pois a degradação da área vinha sendo feita há quatro anos.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 30/04/2008)