A Petrobras vai anunciar no segundo semestre um plano de demandas de equipamentos e insumos utilizados na exploração dos novos campos de petróleo da área do pré-sal. O objetivo, segundo o gerente de Exploração e Produção, José Formigli, é dar tempo para a indústria brasileira se preparar para as compras que serão feitas com o início dos trabalhos nos campos.
"Temos um plano de demandas futuras para permitir às indústrias se prepararem para quando começarmos a fazer compras e contratações efetivas", disse Formigli. No entanto, ele não quis precisar quanto a empresa está prevendo em compras, mas adiantou que são cifras bilionárias.
"Se você olhar o que representa apenas um sistema de produção, estamos falando entre 2 e 4 bilhões de dólares. Quando a gente imagina os volumes ali [nos campos de pré-sal], serão necessários investimentos, para todo o projeto, de bilhões de dólares."
Formigli considera importante que a indústria brasileira comece a produzir no país materiais que hoje só podem ser comprados no exterior, bem como a instalação local de unidades de produção de empresas estrangeiras.
Ele deu exemplo de materiais que hoje não são fabricados no Brasil, mas que serão necessários para extrair o petróleo das camadas pré-sal, a mais de 5 mil metros de profundidade.
"Materiais capazes de trabalhar com corrosão de CO2 e H2S, que não são aço carbono comum e normalmente envolvem superligas. Se estivermos falando de uma demanda grande de compressores de gás, hoje no Brasil estuda-se muito sobre a instalação de fabricantes de turbinas ou de compressores. Então, com essa demanda sinalizada, eles poderão se preparar e fazer as análises econômicas para saber se é possível ter instalações desse tipo aqui."
Formigli participou, junto com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, de um seminário sobre os desafios tecnológicos da camada pré-sal, promovido pela Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).
Estrella contou que a Petrobras decidiu reinjetar o CO2 extraído juntamente com o petróleo da camada pré-sal, que gira em torno de 16%, para dentro do próprio poço, como medida de responsabilidade ambiental da empresa, evitando a dispersão do gás na atmosfera.
(Folha Online, 29/04/2008)