O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) disse nesta terça-feira (29/04) que não defende o desmatamento ilegal na Amazônia ou a retirada e venda de madeiras ou quaisquer atividades e práticas que não sejam auto-sustentadas e estejam ao arrepio da legislação em vigor. Ele manifestou, no entanto, sua preocupação com o que chamou de "quadro desolador", a situação em que se encontra a população que reside nas cidades atingidas pela recente Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
- Essas ações vêm criando um clima de insegurança e de intranqüilidade entre os produtores rurais, as indústrias madeireiras, os trabalhadores e em toda a população, uma vez que trata de região que tem a principal fonte de emprego e de renda assentada nas atividades florestais e agropecuárias. Pude testemunhar o gravíssimo quadro de crise, de insegurança e de desolação que vem passando esses municípios e suas populações. Um quadro caótico, deprimente e altamente preocupante. Um verdadeiro buraco social - afirmou.
Na avaliação de Goellner, o governo tomou uma iniciativa dessa envergadura sem que, paralelamente, fossem articuladas e implementadas medidas para compensar os efeitos dos impedimentos na população local e uma política de incentivo e de valorização para manutenção das florestas naturais e opções econômicas viáveis.
- É injustificável o Brasil ter o seu Código Florestal regulado por uma medida provisória ainda não votada pelo Congresso Nacional e, portanto, não transformada em lei e ainda sujeita a ser alterada a qualquer momento - lamentou.
O senador Expedito Júnior (PR-RO) disse, em aparte, que há um compromisso do governo de Rondônia com o a preservação das florestas e que os desmatamentos estão localizados nas áreas de assentamentos e invasões controladas pelo Incra. Há uma diferença enorme com o Pará, porque Rondônia já tem o licenciamento ambiental, as madeireiras estão legalizadas e está em vigor o plano de manejo, não havendo como comparar a situação dos dois estados.
- Nós não estamos querendo proteger quem está na ilegalidade. Nós queremos apontar soluções - afirmou.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) reafirmou que não é contra a Operação Arco de Fogo, a devastação ou a fiscalização do Ibama, mas favorável à exploração sustentável das riquezas da floresta por quem mora lá. O parlamentar assinalou que esse tipo de operação é feita pontualmente e deveria ser continuada para combater o que é ilegal. Ele defendeu a criação de uma política ambiental que combata as causas e não as conseqüências da falta do Estado na Amazônia.
(Por Ricardo Icassatti, Agência Senado, 30/04/2008)