O Parlamento do Mercosul aprovou na segunda-feira (28/04) resolução, que será encaminhada aos parlamentos da União Européia e dos Estados Unidos, apontando os subsídios concedidos aos agricultores europeus e norte-americanos como uma das causas da crise na agricultura em todo o planeta. A informação é do deputado Claudio Diaz (PSDB-RS), que presidiu temporariamente a Representação Brasileira no Mercosul, depois da renúncia do senador Geraldo Mesquista (PMDB-AC). A resolução é uma resposta dos países do bloco às recomendações da ONU para que a produção de biocombustíveis seja suspensa temporariamente em todo o mundo para evitar uma crise na produção de alimentos.
Os parlamentares dos países do bloco, que estão reunidos em Montevidéu, denunciam que os subsídios prejudicam principalmente a agricultura familiar. Eles argumentam que os benefícios para os agricultores europeus e norte-americanos criam uma desigualdade nas condições de produção que prejudica a competitividade dos produtores de países em desenvolvimento.
O documento ainda mostra que a área reservada em todo o mundo para a produção de biocombustíveis representa apenas 0,8% do total de terras cultivadas. No Brasil, a área ocupada pela cana-de-acúcar representa 4% do total cultivado.
Cláudio Diaz lembrou que o Brasil tem sido acusado de causar o aumento de preços dos grãos no mercado internacional em razão de destinar áreas para a produção de matéria-prima para os biocombustíveis. "Na realidade, o que o que faz isso acontecer é o subsídio nos Estados Unidos e na União Européia. Os subsídios norte-americanos e europeus foram o flagelo da América Latina por muitos anos, e agora eles tentam tirar a responsabilidade de suas ações". Ele reafirmou que o Brasil não usa áreas tradicionais de produção de grãos para o plantio de cana-de-açucar. "Eles [Estados Unidos] sim, quando fazem o biocombustível deles, usando o milho."
Itaipu
O Parlamento do Mercosul também marcou uma reunião para rediscutir o acordo de Itaipu. Será realizada uma audiência pública, no dia 19 de maio, em Montevidéu, com a presença de diretores de Itaipu e das empresas de energia do Brasil e do Paraguai.
(Por Adriana Magalhães, Agência Câmara, 29/04/2008)