O segundo vice-presidente do Senado, Alvaro Dias, afirmou, ao final de reunião com o vice-presidente eleito do Paraguai, Federico Franco, nesta terça-feira (29/04), que o Brasil e o Paraguai devem negociar novo arcabouço jurídico para a binacional de Itaipu. Alvaro Dias disse que concorda com Federico Franco no que diz respeito à necessidade de visibilidade e transparência dos negócios da empresa, mas discorda do aumento do preço da energia comprada pelo Brasil ao Paraguai.
- Qualquer alteração no preço da energia será transferida ao consumidor brasileiro e isso não podemos admitir - declarou o senador.
Alvaro Dias acrescentou que Itaipu deve ter a obrigação de prestar contas tanto ao Paraguai quanto ao Brasil, mas que essa empresa binacional não presta contas a ninguém. Segundo o senador, a empresa não presta contas nem ao Brasil nem ao Paraguai.
A situação de cerca de 500 mil brasileiros que vivem no Paraguai também foi tratada entre Alvaro Dias e Federico Franco. O senador lembrou que já há uma comissão que busca uma saída para a situação dos brasileiros que vivem irregularmente naquele país. Federico Franco disse que não há nem haverá nenhuma insegurança para os brasileiros no Paraguai.
Preço justo
Ovice-presidente eleito do Paraguai, em entrevista depois da reunião que teve com Alvaro Dias, disse que seu país pretende negociar com o Brasil um preço justo para a energia. Ele argumentou que, quando o tratado de Itaipu foi negociado, o preço do barril do petróleo era de US$ 8; hoje, é de US$ 120. E o preço do petróleo é preço de energia, disse Federico Franco.
- Eu não creio que haja nada, absolutamente nada que não se possa dialogarentre o Paraguai e o Brasil. Temos muita esperança de que o governo do presidente Lugo elimine a corrupção e termine o tratamento pouco sério dos negócios do país - declarou Federico Franco, ao informar que também negocia a construção de uma segunda ponte entre o Brasil e Paraguai e que defende o tratamento justo dos brasileiros que vivem no Paraguai, bem como dos paraguaios que vivem no Brasil.
Na opinião de Federico Franco, tanto o tratado assinado pelos governos dos dois países na época da construção de Itaipu quanto o contrato que está em vigor, que foi assinado em 1996, podem ser negociados. O governo Fernando Lugo, disse o vice-presidente, vai defender os interesses dos paraguaios diplomaticamente junto aos seus irmãos brasileiros.
(Por Geraldo Sobreira, Agência Senado, 29/04/2008)