(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
terras quilombolas
2008-04-30

Integrantes do Quilombo Silva em Porto Alegre criticaram, na manhã desta terça-feira (29/04), proposta da Secretaria do Planejamento Municipal (SPM) que prevê a abertura de uma via pública no interior do quilombo, localizado no Bairro Três Figueiras, para fins de mobilidade urbana previsto no planejamento viário do município. O presidente da Associação dos quilombolas na região, Lorivaldino Silva, rejeitou o projeto e foi enfático: “Uma rua não pode valer mais do que 508 anos de história, de luta e de resistência de um povo”. As manifestações foram ouvidas na reunião da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal.

Advogado de defesa da comunidade, Onir de Araújo, argumentou que a Constituição Federal já reconheceu o direito dos remanescentes de quilombos de deterem a posse da terra. Segundo Araújo, a posição do Executivo de Porto Alegre fere com os preceitos legais e com a luta do povo negro por sua emancipação. “Querem rasgar o coração do Quilombo ao meio em mais uma tentativa de limpeza étnica deflagrada. Os governos não podem privar os povos tradicionais do direito legítimo a sua territorialidade”, registrou.

O presidente da Cedecondh, vereador Guilherme Barbosa (PT), leu aos presentes  recomendação formulada pelo Ministério Público Federal (MPF) e enviada à prefeitura no mês de março sugerindo que o governo municipal “se abstenha de construir a estrada na área destinada ao Quilombo por descumprir com lei federal”. Segundo José Antônio dos Santos, do Conselho de Desenvolvimento das Comunidades Negras, além do reconhecimento federal, existe o projeto de lei sancionado pelo prefeito em 2006 que torna o terreno dos quilombolas em Área Especial de Interesse Cultural (AEIC). “Aquele espaço é de propriedade da família Silva e só cabe a ela decidir o que fazer com a terra”.

Presente na reunião, o engenheiro da SPM, Breno Ribeiro explicou que o projeto de ampliação da rua João Caetano cortará o Quilombo devido a sua necessidade técnica. Segundo ele, a proposta já estava prevista no plano viário da cidade antes mesmo da formação do Quilombo. “Os estudos da Secretaria comprovaram a importância da rua para melhorar o fluxo no interior da cidade”, justificou ponderando que a posição da prefeitura ainda não está completamente definida sobre as obras.

O advogado rebateu as explicações de Ribeiro alegando que a partir do momento em que um terreno público recebe o agravame de área especial para consolidação das tradições e da história de um povo, ele não pode ser mais explorado com outro fim. “Os projetos da prefeitura precisam ser atualizados e coerentes com o momento atual. Existe um quilombo reconhecido legalmente que não pode jamais ser destruído”, frisou Araújo.

Encaminhamentos

Para solucionar o conflito na comunidade, os vereadores da Comissão propuseram que a Cedecondh peça à SPM que envie o projeto sobre o plano viário de Porto Alegre à Câmara Municipal. “Precisamos analisá-lo e reformulá-lo se necessário for”, disse um dos membros da Comissão, vereador Carlos Comassetto (PT). Além disto, os vereadores pedirão ao prefeito José Fogaça que responda à recomendação feita pelo MPF para não traçar a via dentro do Quilombo. Um documento da Câmara Municipal também será elaborado pedindo que a Prefeitura desista da iniciativa de prolongar a estrada.

Sobre o Quilombo

O Quilombo Silva, localizado no Bairro Três Figueiras, é o primeiro quilombo urbano do Brasil – regularizado pelo Incra em 2007. Os familiares ocupam a área há 68 anos e conquistaram, no ano passado, o Certificado de Reconhecimento da Fundação Palmares. A legalização foi baseada em laudo antropológico que comprovou os laços étnicos, culturais e territoriais dos Silva com o local. A área possui cerca de 5 mil metros quadrados e abriga cerca de 60 pessoas.

(Por Ester Scotti, Ascom CMPA, 29/04/2008)

 

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -