A expedição da Greenpeace ao Mar de Bering levou à descoberta de uma espécie de esponja que a ciência desconhecia. A esponja foi recolhida utilizando pequenos submarinos tripulados e equipados para explorar as mais profundas ravinas subaquáticas no fundo do Mar de Bering.
A nova espécie de esponja foi encontrada na Ravina de Pribilof e foi baptizada como Aaptos kanuux. O nome "kannux" foi escolhido por significar "coração" na língua aleúte, explicou George Pletnikoff, responsável da campanha de Oceanos no escritório da Greenpeace Alaska (EUA) e nativo das comunidades aleutes das Ilhas Pribilof. "Estas ravinas são o coração do mar de Bering, expelindo os nutrientes que são o sangue da vida do ecossistema. Enquanto estas ravinas estiverem em risco, também o estarão as comunidades que dependem destas águas desde há milhares de anos."
As ravinas subaquáticas, onde a esponja foi descoberta, são habitats únicos sobre os quais ainda se sabe muito pouco. Apesar disso, esta área está a ser ameaçada por métodos de pesca industriais e destrutivos como por exemplo a pesca de arrasto.
O anúncio desta descoberta surge no dia da reunião da ONU em Nova Iorque onde irá ser debatida a protecção dos oceanos. "Sabemos muito pouco acerca do mar junto à costa e sabemos ainda menos sobre o mar alto. Esta descoberta surpreendente reforça a necessidade da ONU estabelecer uma rede global de reservas marinhas e de pôr um fim à actual falta de gestão dos oceanos. Existem habitats e espécies que estão a ser destruídos mesmo antes que os cientistas tenham a oportunidade de lhes atribuir nomes", disse Richard Page, responsável de campanha para a Greenpeace Internacional, na reunião da ONU.
O Esperanza, navio da Greenpeace, passou seis semanas no mar de Bering durante o verão de 2007. Durante as primeiras pesquisas nas ravinas de Zhemchug e de Pribilof, os cientistas utilizaram mini-submarinos para verificar como a pesca com redes de arrasto está a destruir áreas únicas de corais e de esponjas.
"Esta descoberta demonstra que estas ravinas são únicas, e que pouco sabemos sobre as profundezas do mar", disse John Hocevar, especialista de oceanos da Greenpeace USA. "Metade das 14 espécies de coral e dois terços das 20 espécies de esponjas que documentámos nunca tinham sido vistas antes no Mar de Bering. Proclamar estas áreas como reservas marinhas traria importantes benefícios ás comunidades piscatórias locais e ao meio ambiente."
O Mar de Bering é apenas uma das áreas dos oceanos terrestres das quais sabemos muito pouco. Contudo, a pesca excessiva ameaça quase todos os oceanos. A Greenpeace faz a campanha pela criação de uma rede de reservas marinhas que proteja 40% dos oceanos em todo o mundo, como solução de longo prazo para a pesca excessiva. Essa é a única forma de proteger tudo: - desde as esponjas desconhecidas às grandes baleias.
(Greenpeace, 29/04/2008)