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operação arco de fogo desmatamento da amazônia
2008-04-30
No acanhado campo de aviação da cidade de Juara, no Noroeste de Mato Grosso, um helicóptero faz seu procedimento de pouso.  A cidade de pouco mais de 45 mil habitantes se queda paralisada para logo entrar em pânico.  A aeronave em questão traz em seu interior os integrantes da Operação Arco de Fogo.  A ameaça de fechamento de madeireiras em atividade irregular, com produtos florestais extraídos de áreas sob o embargo econômico, decretado pelo Governo Federal como medida restritiva, é latente.  A tensão é grande.  "Desde que isso começou, acabou a paz.  A gente está sob esse clima de terror" - relatava um advogado, a postos.

O "sufoco" provocado pelas medidas de caráter ambiental, baixadas com a finalidade de fechar o cerco do deflorestamento, tomou de assalto as cidades do Norte de Mato Grosso.  São 19, ao todo, na lista das que mais desmataram e cujos proprietários rurais devem seguir a risca o teor do Decreto 6.321/2007. Do contrário, seus donos estarão incorrendo em crimes contra o meio ambiente.  E em todas elas, o clima de insatisfação e conflito.

Grande parte dessa situação, no entanto, pode ser atribuída aos chamados "poderosos" e "influentes" de Mato Grosso.  Segundo o site especializado "O Eco", na lista de propriedades embargadas no Estado constam nomes bastante conhecidos por quem monitora o desmatamento na Amazônia.  O senador Jaime Campos (DEM), por exemplo, responde por três áreas em Alta Floresta, sendo uma superior a 1.200 hectares.  No mesmo município o deputado estadual Ademir Brunetto é responsável por outra área.

Desse mesmo jeito são registrados embargos do atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Humberto Bosaipo, em Porto Esperidião, e do deputado estadual Dilceu Dal Bosco (DEM), em Sinop.  Em discurso na Assembléia Legislativa, Dal Bosco chegou a defender que produtores ilegais precisam de punição.  "Toda economia de Mato Grosso acaba sendo penalizada por causa das ações desses empresários.  Vamos fazer o possível para que eles sejam punidos", falou, enquadrando-se na categoria.

Aderval Bento, presidente da Associação dos Proprietários Rurais do rio Preto, uma vez garantiu ao "O Eco" causar o mínimo impacto possível em sua fazenda.  Mas numa região pleiteada para ampliação de uma terra indígena, em Juína, ele é dono de um embargo de 187 hectares, acessíveis em imagens de satélite disponibilizadas pelo próprio sistema de consultas.  Dentro de uma mesma fazenda, a Amália, também no rio Preto, várias autuações.  Essa região concentra o maior número de propriedades embargadas em Juína, cidade que aparece na lista como recordista de ocorrências em Mato Grosso.

Outros nomes muito influentes na região são Geraldo Francisco de Queiroz, com dois embargos, sendo um com quase dois mil hectares e Hermes Bergamin, um dos empresários mais poderosos do noroeste de Mato Grosso, com seis áreas embargadas em Colniza e mais duas em Juína.  Os irmãos Ilton, Ivo e Isamael Vicentini, acusados, entre outros crimes, de fraudar planos de manejo no entorno do Parque Indígena do Xingu, aparecem novamente nos registros do Ibama com áreas embargadas no município de Feliz Natal.  A cidade também tem seis áreas desmatadas pelo sojicultor Nei Frâncio, um de seus primeiros colonizadores.

Só o empresário da Celso Padovani & Cia Ltda tem seis áreas embargadas em Marcelândia, sendo uma com 6.117 hectares.  De acordo com matéria assinada pela jornalista Andréia Andreia Fanzeres, mais de 1.700 hectares foram embargados em nome de Alcindo Ferreira dos Santos, além de 2.117 hectares de Manoel Madrugas de Simas, e 3.400 hectares de Jair Roberto Simonato, todos em Apiacás, município que abriga quase metade da área do Parque Nacional do Juruena.  Mas fica em Vila Bela da Santíssima Trindade, na região do Guaporé, uma das maiores áreas listadas.  Foram mais de nove mil hectares em nome de Rosana Sorge Xavier, que só perdem para os 12.100 hectares de Honorato Lourenço de Moraes, em São Félix do Xingu (PA).

(24 Horas News, Amazonia.org.br, 29/04/2008)



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