No dia 3 de março a Procuradoria da República no Município de Altamira, Pará, propôs ação cautelar, determinando que União e Instituto Chico Mendes promovam a efetiva retirada das pessoas destituídas de títulos da área onde em breve será criada a Reserva Extrativista Médio Xingu, de 303 mil hectares.
Já foi instaurado, no âmbito da Polícia Federal, inquérito que visa a apurar ameaças de morte realizadas por pessoas que se declaram proprietárias (grileiros) das terras onde será criada a reserva a membros da população tradicional que residem na área.
A ameaça dos grileiros visa amedrontar a população tradicional, formada por 59 famílias, que reside no local e será beneficiada com a implantação da unidade. Com as ameaças, os especuladores esperam que a população deixe o local, para a exploração da terra.
Entre as vítimas de ameaças estão o presidente da Associação de Moradores do Médio Xingu, Herculano Costa da Silva, que nasceu e se criou na área onde será implantada a Resex Médio Xingu e a pesquisadora da Comissão Pastoral da Terra, Eve Zipporah Bratman, que esteve no local entre 3 a 12 de abril de 2007 entrevistando pessoas sobre o modo de vida dos ribeirinhos. Em fevereiro deste ano Herculano chegou a ser rendido por pessoas a mando de grileiros.
Paralelamente, a exploração de recursos naturais da área da futura reserva já se tornou uma constante por parte de grileiros, com retirada ilegal de madeiras e outros crimes ambientais, com autos de infração lavrados contra os grileiros. Na ação o MPF vê a criação da Reserva Extrativista do Médio Xingu como uma conseqüência imediata, necessária e lógica do desdobramento dos fatos.
(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade,
Amazonia.org.br, 29/04/2008)