O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que o papel exercido pelo etanol na inflação mundial de alimentos é pequeno. Bush disse achar que o biocombustível respondia por 15% do problema e que em sua avaliação 85% da atual crise alimentar vem sendo gerado por fatores climáticos, pelo aumento da demanda por alimentos e pela subida dos preços de energia. Os comentários do líder dos Estados Unidos foram feito durante uma entrevista coletiva nos jardins da Casa Branca. Entre outros temas, Bush falou sobre a atual crise econômica americana.
''A verdade é que é do nosso interesse que nossos fazendeiros cultivem energia, em vez de adquirir energia a partir de outras partes do mundo que são instáveis ou que podem não gostar de nós'', afirmou Bush. O líder americano acrescentou que a alta do petróleo irá gerar mais investimento em etanol e que os Estados Unidos estão depositando recursos na pesquisa com etanol celulósico - a modalidade do biocombustível feita a partir de produtos não-comestíveis, como sabugos de milho, lascas de madeira e grama.
Petróleo
Bush afirmou ser preciso conciliar programas de biocombustíveis com ações capazes de contribuir para a auto-suficiência energética americana. ''Se nós estamos genuinamente interessados em levar adiante uma política energética que envie um sinal ao mundo que nós queremos reduzir nossa dependência em petróleo estrangeiro, temos que explorar a prospecção doméstica, assim como investir em programas de combustíveis alternativos'', afirmou.
Para o líder americano, o caminho para a auto-suficiência passa pelo Congresso do país. ''Se o Congresso estiver genuinamente interessado, poderemos investir na exploração de gás e de petróleo em nosso território, a começar por Anwar'', disse, referindo-se à região que é considerada um santuário ecológico, mas que abrigaria uma vasta jazida de petróleo no Estado do Alaska. Esforços para permitir a prospecção na região vêm sendo bloqueados por emendas e vetos no Congresso desde o ano passado.
Tratado com Colômbia
O líder americano voltou a dar uma alfinetada no Congresso, ao se referir ao tratado de livre comércio com a Colômbia, que foi bloqueado pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi. ''O acordo de livre comércio com a Colômbia beneficiaria nossa economia, porque traria mais exportações.'' Atualmente, disse Bush, ''muitos produtos (colombianos) entram em nosso país livres de impostos, enquanto que os nossos produtos são taxados quando entram na Colômbia''. ''O Congresso deveria ao menos ter insistido que outro país seja tratado da mesma maneira que nós o tratamos'', afirmou o presidente americano.
Recessão?
Bush voltou a refutar afirmações de que os Estados Unidos já estariam vivendo uma recessão. ''As palavras para definir a economia não definem como o cidadão médio se sente. O cidadão médio não está preocupado com a maneira como iremos chamar. Eles sabem que estão pagando um preço alto por petróleo e estão preocupados se conseguirão permanecer em suas casas.''
De acordo com Bush, ''estes são tempos difíceis'', mas a ''terminologia correta'' para defini-los, cabe aos economistas. A definição, no entanto, se os Estados Unidos estão ou não vivendo uma recessão poderá já se dar nesta quarta-feira, quando serão divulgados os dados relativos ao PIB do país.
(BBC, 29/04/2008)