Everaldo: plantio de espécies exóticas poderá afetar o ciclo hidrológico e prejudicar toda a Bacia Taquari/Antas
A disponibilidade de água, tanto para consumo humano e animal quanto para uso agrícola, é algo que preocupa para os próximos anos. As discussões em torno do assunto afloram com maior ênfase nos comitês de bacias hidrográficas que tratam do seu gerenciamento e da preservação de nascentes e cursos de água. Na Bacia Taquari/Antas há uma preocupação crescente com investimentos que vêm sendo feitos em projetos de florestamento, principalmente nos Campos de Cima da Serra, por meio do plantio de espécies exóticas como pínus, acácia-negra e eucalipto.
Quem coloca a questão é o geólogo e professor da Univates Everaldo Ferreira, que alerta para as perspectivas futuras dos recursos hídricos dessa bacia. Quem circula pela Rota do Sol, nas localidades de São José dos Ausentes e Lajeado Grande, vai defrontar-se com uma mudança da paisagem - campos de pasto e capões de araucária cedem espaço para o plantio de grandes matas dessas espécies exóticas. Embora não seja engenheiro florestal ou biólogo, acredita que haverá um grande impacto sobre o ciclo hidrológico daquela região. Ressalva que isso é feito por pessoas que têm interesses econômicos e profissionais, e há quem considere isso uma atitude correta.
Água mais demorada
"A troca do plantio de gramíneas, que não têm poder de retenção de água, por imensas florestas deverá atrasar a chegada da água na região baixa da bacia, e em menor quantidade", avalia Ferreira. Ele prevê problemas futuros para o Vale do Taquari nesse aspecto e projeta a possibilidade de dois ciclos distintos: períodos de estiagem alternados com momentos de grandes cheias.
(O Informativo do Vale, 29/04/2008)