No primeiro dia de sua visita ao Brasil e ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o ministro do Meio Ambiente e da Segurança Nuclear da Alemanha, Sigmar Gabriel, demonstrou apreensão em relação ao desmatamento na Amazônia, mas acrescentou que o Brasil tem uma boa base legal para garantir a preservação da região. Ele vai visitar o Pará para ver de perto o combate à destruição florestal na região.
- É uma missão difícil para o governo brasileiro deter o desmatamento - ponderou Gabriel, afirmando que as pessoas trocam a exploração da floresta pelo plantio porque os alimentos dão mais rendimentos.
O ministro disse que tem acompanhado a polêmica de que os biocombustíveis teriam responsabilidade da alta do preço dos alimentos e que tal idéia afeta a confiança de outros países na fonte de energia. Gabriel afirmou, no entanto, acreditar que o Brasil tem condições de superar essa desconfiança internacional.
Ele disse que já ouviu da ministra da Marina Silva que a produção de biocombustíveis não vai atingir a fronteira agrícola. Gabriel afirmou que a União Européia vai exigir regras mais duras para entrada de biocombustíveis no bloco. Os países europeus têm a meta de, até 2020, acrescentar 10% de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis.
No encontro, a ministra Marina Silva apresentou números de redução do desmatamento e que há um plano de preservação e de controle eficiente. Ela reafirmou a intenção do governo de que Amazônia não produza etanol.
- Nosso esforço é para produzir biocombustível com sustentabilidade ambiental e social e que promova a inclusão social - disse.
Marina disse que apenas 1% das terras agricultáveis do país vai ser utilizado para produção de etanol e rebateu as declarações do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que afirmou na semana passada que para produzir mais é preciso desmatar:
- É possível dobrar a capacidade de produção sem precisar derrubar uma árvore sequer. Utilizando novas tecnologias, por meio da Embrapa, por exemplo, permite-se esse tipo de coisa - disse ela.
(O Globo, 28/04/2008)