O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Egon Krakhecke, garantiu à delegação da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, em visita ao MMA nesta segunda-feira (28), que a produção brasileira do etanol, derivado da cana-de-açúcar, é ambiental e socialmente sustentável e que não afeta a produção de alimentos. Krakhecke falou para um grupo de políticos da Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Alemanha, representantes de legendas como o Partido Popular Europeu, Partido Socialista Europeu, Grupo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa e Grupo Parlamentar dos Verdes e Aliança Livre. O grupo está em visita ao Brasil para cumprir uma agenda de assuntos de interesses comuns entre a Europa e o Brasil.
Egon Krakhecke iniciou sua apresentação informando que o Brasil tem uma matriz energética composta de 45% de energia renovável. Ele lembrou aos parlamentares europeus que a produção do bioetanol não é um tema novo no Brasil e que as primeiras experiências com sua produção têm mais de 100 anos. O secretário fez um histórico sobre o uso do biocombustível na mistura com a gasolina, afirmando que hoje cerca de 90% dos automóveis fabricados no País são da modalidade flex, não importando a proporção.
Para responder a uma questão levantada por Neil Parish, do Partido Popular Europeu, Krakhecke informou que para evitar a competição entre a plantação de cana-de-açúcar e a produção de alimentos, o governo brasileiro vem realizando o zoneamento agroecológico nas regiões, com o objetivo de indicar onde pode ser produzido o etanol e onde não é permitido. Entre os locais excluídos para a atividade, o secretário listou a Amazônia, o Pantanal e as áreas consideradas prioritárias para a proteção da biodiversidade. Além do zoneamento, Egon disse que os incentivos estão direcionados para o uso das terras abertas, excluindo novas áreas. Ele informou ainda sobre a adoção do Selo Social, explicando que para se habilitarem ao selo, os produtores de biodiesel precisam provar que um percentual da produção provém da agricultura familiar. Segundo ele, no Nordeste a exigência é de 50%.
A fim de situar os parlamentares europeus com relação à grandeza do Brasil, Krakhecke disse que a Europa trabalha com escassez de terra para a agricultura. "Dos 800 milhões de hectares de terras do Brasil, 60% é composto por florestas e áreas protegidas. Os restantes 40% são aptos à agricultura", disse. Segundo ele, restam ainda 80 milhões de hectares para serem utilizados. "O Brasil tem outra dimensão, outra escala, sem necessidade de avançar sobre a Amazônia para a produção de cana-de- açúcar", informou.
De acordo com o secretário, as restrições da Europa com relação ao etanol proveniente da cana-de-açúcar são influenciadas pelo etanol proveniente de outras matérias-primas. Mas o secretário lembrou que com relação às emissões de CO2, o etanol de cana-de-açúcar leva ampla vantagem sobre os outros combustíveis. "As emissões evitadas pelo etanol da cana são, em média, de 80% mais baixas do que a gasolina", justificou.
(Por Suelene Gusmão
, MMA, 28/04/2008)