Com o avanço do surto de dengue no Rio de Janeiro nos últimos meses, a maioria dos brasileiros tem acompanhado ou ouviu falar no tema de acordo com pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda-feira. A pesquisa mostra que, em abril, 97,7% dos entrevistados têm conhecimento do assunto, enquanto em fevereiro deste ano o percentual era de 93,4%. Segundo a pesquisa, somente 2,4% dos entrevistados não ouviram falar no surto, ou não quiseram responder à pergunta.
A pesquisa também mostra que a maioria dos brasileiros atribui a responsabilidade pelo surto da dengue à própria população e ao Estado. No total, 43,2% dos entrevistados consideram que o avanço da doença é conseqüência da falta de atuação de todos, enquanto outros 32,7% consideram que os moradores das cidades atingidas devem ser responsabilizados.
Apenas 7,7% atribuem a responsabilidade às prefeituras, enquanto 7,6% ao Ministério da Saúde, 4,3% aos governos estaduais e 2,8% a fatores naturais. Outros 1,6% dos entrevistados não responderam.
Entre os votos válidos, 43,2% dos entrevistados atribuíram a responsabilidade a "todos nós" (população e Estado), enquanto 32,7% aos moradores. As prefeituras aparecem com 7,7% da responsabilidade, seguida pelo Ministério da Saúde, com 7,6%; os governos estaduais, com 4,3%; e os fatores naturais, com 2,8%.
"A grande atribuição está em cima da própria sociedade civil, o que aumenta a responsabilidade da própria população", disse o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes.
Mortes
O Estado do Rio vive a epidemia de dengue que causou mais mortes desde 1986, quando o Ministério da Saúde voltou a notificar a doença.
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou 92 mortes pela doença desde janeiro, 55 delas na cidade do Rio. Em 2002, no maior surto já registrado no Estado, foram 91 mortes e 288.245 notificações.
Limpeza
A pesquisa CNT/Sensus também mostra que, apesar da epidemia de dengue no Rio, a maioria dos brasileiros (53,1%) considera os seus municípios limpos e bem cuidados. Outros 43,3% avaliam as cidades como sujas e mal cuidadas, enquanto 3,7% não responderam. A responsabilidade pelas sujeiras nas cidades é atribuída por 67,6% dos entrevistados à falta de educação do povo, seguida pela falta de ação da administração pública (20%) e pela falta de lixeiras nas ruas (9,1%).
Entre os entrevistados, 64% afirmaram não ter o hábito de jogar lixo nas ruas, enquanto 35,3% admitiram que jogam "com freqüência" ou "de vez em quando". A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 21 e 25 de abril em 136 municípios de 24 Estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas, e a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.
(Gabriela Guerreiro, Folha Online, 28/04/2008)