Ruth Vilela, 59, ficou conhecida no ano passado após rebater a interferência do Senado na discussão sobre a blitz na usina Pagrisa e, em razão dessa polêmica, suspender as operações dos grupos móveis pela primeira vez desde sua criação.
Em julho do ano passado, 1.064 trabalhadores da usina, no Pará, tiveram os contratos rescindidos após fiscais considerarem que eles se encontravam em situação degradante. Senadores acabaram contestando a fiscalização, por achar que houve exagero.
Mais de dez anos à frente da Secretaria de Inspeção de Trabalho, Vilela disse que se deparou com um problema histórico ao assumir o posto: a ausência do Estado na Amazônia.
"O trabalho no início foi um ato de coragem. Não havia precedente. A gente não sabia qual era o respaldo legal. Hoje há uma margem de segurança razoável e um grupo de parceiros que nos dá um respaldo muito maior", afirmou.
Formada em direito em Sete Lagoas (MG), sua cidade natal, Vilela fez carreira como auditora fiscal. Entrou por meio de um concurso em 1975.
Em 1993, foi chamada para o cargo. "No começo, a bancada ruralista fez uma acusação de que nossas ações eram preparatórias de invasões de terra. Havia muita incompreensão e perplexidade."
Desde a era FHC, passando por Lula, Vilela diz que nunca foi filiada a nenhum partido político. "Sou muito indisciplinada", ironizou.
"O fato é que tenho convicções político-ideológicas, mas evito falar nelas, porque nessa atividade e nesse cargo o ideal é ter uma posição apartidária."
(Folha Online, 28/04/2008)