Ao rebater a tese, defendida por autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial do Comércio (OMC), de que o aumento dos preços dos alimentos verificado nos últimos meses no mercado global seria devido sobretudo à ampliação da produção de biocombustíveis em áreas agrícolas do terceiro mundo, o senador Sibá Machado (PT-AC) apontou como causa mais importante do fenômeno a implementação de políticas de distribuição de renda em países periféricos.
Segundo ele, o aumento do poder aquisitivo de populações em países como Brasil, Índia e China elevou a demanda por alimentos, causando a subida dos preços.
- Calculo um número próximo de 500 milhões de pessoas no mundo que passaram a comer muito mais do que comiam antes. E é isso, no meu entendimento, que está fazendo retirar os produtos das prateleiras dos supermercados - disse.
Sibá chamou atenção ainda para a influência do custo dos insumos agrícolas,derivados de petróleo, na formação do preço dos alimentos. Ele lembrou que a cotação exorbitante do barril de petróleo dos últimos anos, afetando diretamente o preço de combustíveis, lubrificantes e fertilizantes, é também causa relevante da valorização dos produtos agrícolas.
Na avaliação de Sibá, o Brasil, mesmo diante da ampliação de sua produção de biocombustíveis, tem condições para se tornar o "grande celeiro do mundo", face a disponibilidade de áreas agrícolas subutilizadas, localizadas em sua maioria entre a linha do equador e do Trópico de capricórnio, com um regime de precipitação anual entre 1.500 mm e 2.500 mm.
- Os problemas de altimetria dos terrenos podem ser corrigidos; o regime de chuvas é algo que a natureza já tem plenamente; o clima em geral não é problema para nós. Portanto, só falta uma coisa: complementar a capacidade de rentabilidade e produtividade dos terrenos. O Brasil é um país abençoado por Deus - afirmou.
CNT/Sensus
Comentando a última pesquisa CNT/Sensus, que deu ao governo Lula a melhor avaliação desde a posse no primeiro mandato, Sibá criticou a postura, segundo disse, freqüentemente adotada por parlamentares oposicionistas, de atacar incondicionalmente o governo federal. Ele manifestou sua concordância com o resultado da enquete, que revelou o desejo de 74,5 % dos brasileiros de verem vigorar no país um pacto social, por meio do qual sindicalistas, empresários e políticos se unam para definir as linhas fundamentais da política nacional de desenvolvimento.
(por Laércio Franzon, Agência Senado, 28/04/2008)