O Parlamento do Mercosul deverá aprovar, em sua próxima reunião, uma declaração rejeitando a tese de que a produção de biocombustíveis na região do bloco está levando a uma queda na oferta e a um aumento no preço dos alimentos no mundo. A moção foi proposta, nesta segunda-feira (28/04), pelo novo presidente da representação brasileira, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), na sessão de abertura da 9ª reunião plenária do parlamento, que termina, nesta terça-feira (29/04), em Montevidéu, Uruguai.
De acordo com o senador, é preciso que o parlamento "manifeste desacordo com a tese de que a produção de biocombustíveis no âmbito do bloco contribui, direta ou indiretamente, para a atual alta dos preços dos alimentos". Segundo assessores da representação brasileira presentes ao encontro, a proposta foi apoiada pelos parlamentares e enviada à Comissão de Agricultura do organismo, que agregará novas "informações regionais" sobre o tema. A matéria retornará ao plenário como tema central dos debates na próxima reunião do Parlamento do Mercosul.
Mercadante também propôs que os parlamentares deixem clara a sua "discordância em relação à visão desinformada de que a produção de biocombustíveis no âmbito do Mercosul, particularmente no Brasil, afeta negativamente o bioma amazônico". Para o senador do PT, os subsídios dos chamados países centrais é que distorcem o mercado agrícola mundial e induzem à insegurança alimentar nos países importadores de alimentos.
- Esses subsídios chegam à estratosférica cifra de US$ 400 bilhões ao ano e afetam principalmente os países mais pobres, por causa do preço dos alimentos que compram - afirmou Mercadante, que mencionou como outras causas da crise o aumento dos preços do petróleo e a diminuição das áreas de agricultura familiar.
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) e a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) também abordaram o tema em plenário. Para Albuquerque, existe uma tentativa de desviar a atenção internacional sobre a crise da economia norte-americana.
Mercadante fez questão de saudar a República do Paraguai pela eleição do presidente Fernando Lugo e da primeira bancada parlamentar do Parlamento do Mercosul, com 18 representantes, diretamente escolhidos pela população.
(Por Nelson Oliveira, Agência Senado, 28/04/2008)