Autoridades das Nações Unidas iniciaram nesta segunda-feira um encontro de dois dias em Berna, na Suíça, para discutir ações de combate aos efeitos do aumento global dos preços dos alimentos. A reunião, liderada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, contará com a presença dos coordenadores do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), de outras 20 agências da ONU, além dos presidentes do Banco Mundial, Robert Zoellick, e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.
De acordo com a correspondente da BBC em Berna, Imogen Faulkes, Ban Ki-moon quer "ações imediatas" para resolver o que descreveu como crise alimentar global.O secretário da ONU defende medidas de emergência para que as pessoas mais necessitadas tenham acesso à alimentação básica nos próximos meses. Segundo ele, a menos que isso aconteça, a crise poderá escalar e impor ameaças reais ao "crescimento econômico, ao progresso social e à segurança política".
O Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) lançou um apelo de emergência com o objetivo de levantar fundos no valor de US$ 755 milhões para conseguir cumprir suas metas em 2008. A ONU estima que 100 milhões de pessoas já foram atingidas pela recente escalada no preço dos alimentos em todo o mundo.
Problemas complexos
Segundo a correspondente da BBC, a reunião da ONU tem como objetivo encontrar soluções imediatas para a crise, já que medidas a longo prazo deverão ser mais difíceis porque tocam em problemas mais complexos, como mudanças climáticas, o uso dos grãos para produção de biocombustíveis, turbulências nos mercados globais e o entrave nas negociações pela liberalização do comércio internacional, paralisadas por causa do impasse envolvendo subsídios agrícolas.
A alta do preços dos alimentos e dos combustíveis provocou a queda do primeiro-ministro do Haiti, Jacques Edouard Alexis. Na Ásia, alguns países suspenderam exportações de arroz para garantir o suprimento da demanda interna. No ano passado, o preço do cereal subiu mais de 90%. O governo filipino deve lançar o "cartão do arroz" para possibilitar que famílias pobres comprem o produto pela metade do preço do mercado. Nesta segunda-feira, a Malásia divulgou que vai subsidiar produtores domésticos para garantir que o arroz seja vendido por um preço acessível.
(BBC Brasil, Ultimo Segundo, 28/04/2008)