A Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul participa, nestas segunda e terça-feiras (28 e 29/04), da 9ª Reunião Plenária Ordinária do Parlamento do bloco, em Montevidéu. Não foi estabelecida nenhuma pauta para o encontro, mas há entre os parlamentares a expectativa de debates sobre conflitos como o que está mobilizando o Brasil e o Paraguai em torno da hidrelétrica de Itaipu.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por exemplo, é um dos que vêem a necessidade de o assunto ser abordado pelos parlamentares do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
- O papel dos parlamentos é justamente resolver os contenciosos - salientou Cristovam.
Para o senador, as diferenças entre os dois países não serão resolvidas sem diálogo, ainda que o Brasil possa eventualmente se colocar contra a reivindicação paraguaia de aumento no preço da energia vendida ao parceiro de Itaipu.
- Não podemos simplesmente negar ao Paraguai o direito de pedir o reajuste. Nós não podemos esnobar o Paraguai. Até porque temos uma dívida com esse nosso país vizinho, já que há 138 anos matamos 300 mil de seus cidadãos [na Guerra do Paraguai]. Em proporção, seria como se matassem nove milhões de brasileiros - ponderou Cristovam.
A questão de Itaipu e outros conflitos internos do bloco são assuntos prioritários para o Parlamento do Mercosul, de acordo com o que disse o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) na última quarta-feira (23/04) durante reunião da representação parlamentar brasileira. Um dos nomes cotados para presidir a comissão, Mercadante defendeu o fortalecimento da representação brasileira e do parlamento exatamente para fazer face aos desafios enfrentados no momento pelos quatro países - a Venezuela ainda negocia sua entrada no bloco.
Eleição
A escolha do novo presidente da representação brasileira será feita na segunda-feira, em Montevidéu, e referendada posteriormente em reunião da comissão em Brasília. A eleição deveria ter ocorrido na quinta-feira, mas a necessidade de consenso em torno de um nome motivou o adiamento.
O nome de Mercadante foi lançado pelo deputado Max Rosenmann (PMDB-PR), que destacou o preparo do senador paulista, além de seu prestígio internacional, como as qualificações adequadas para o presidente de uma comissão que "precisa tornar-se mais atuante e visível".
O senador Inácio Arruda (PC do B), candidato auto-indicado para a vaga aberta com a renúncia do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), foi procurado para se pronunciar sobre a reunião de Montevidéu, mas estava, na sexta-feira (25/04), em reunião do partido, em São Paulo, conforme informou seu gabinete.
(Por Nelson Oliveira, Agência Senado, 25/04/2008)