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alta no preço dos alimentos segurança alimentar
2008-04-27

Louis Michel é o comissário europeu para assuntos de desenvolvimento e ajuda humanitária. A este título, o antigo ministro belga das relações exteriores administra o orçamento da ajuda européia para o desenvolvimento. Cada cidadão da União Européia desembolsa, anualmente, 93 euros (cerca de R$ 250) por conta desta ajuda, que são recolhidas e administradas por Bruxelas e pelos Estados-membros. Em entrevista ao "Le Monde", este liberal francófono, de 60 anos, propõe desbloquear uma ajuda suplementar de US$ 220 milhões (cerca de R$ 365 milhões) para enfrentar a crise dos alimentos mundial, mas ele se diz cético em relação a um possível reaquecimento da produção européia.

Le Monde - Quais são as alternativas para enfrentar a crise alimentícia que atinge os países mais pobres do planeta?
Louis Michel -
Os aumentos dos preços dos cereais constituem uma oportunidade para os produtores nos países em desenvolvimento, mas este tsunami que envolve os alimentos representa um risco para os países que não são auto-suficientes. Esses Estados poderiam hoje ter alcançado esta posição, mas eles não investiram o bastante. Em matéria de desenvolvimento, o fundamento é a agricultura. É ela que alimenta a população, e que permite lutar contra a pobreza.

Le Monde - Por muito tempo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial apostaram no desenvolvimento urbano e industrial. Hoje, esta época é considerada como encerrada?
Louis Michel -
Os países em desenvolvimento conheceram um êxodo rural muito intenso. Portanto, não havia nada anormal em financiar projetos de integração, de sobrevivência nas cidades. Esta política provocou um retrocesso da agricultura, além de um desenvolvimento urbano mal controlado. Atualmente, tornou-se necessário implementar programas que aumentem a produtividade agrícola, e que permitam financiar as sementes, os adubos e as transferências de tecnologias. A revolução verde (ecológica) deu muito certo na Ásia. Ela deve também funcionar na África. Isso não quer dizer que é preciso apostar tudo na agricultura, mas sim, definir como objetivo a auto-suficiência de cada país. As respostas devem também ser regionais, no que diz respeito à administração dos estoques e à irrigação, por exemplo.

Le Monde - O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas solicitou uma verba suplementar de US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 2,3 bilhões) para o exercício de 2008. Qual é a atitude da Europa diante deste pedido?
Louis Michel -
Nós estamos preparando uma proposta visando a liberar uma verba adicional de US$ 220 milhões. Eu espero que os trâmites estejam solucionados até junho, isso se nós conseguirmos obter o apoio dos Estados-membros e do Parlamento europeu para retirar uma parte desta quantia - 110 milhões de euros (cerca de R$ 300 milhões) - do fundo de reserva de emergência do orçamento comunitário. Esta ajuda virá se acrescentar aos 160 milhões de euros (cerca de R$ 425 milhões) que haviam sido liberados no início de março. As capitais européias se conscientizaram da importância do apelo do PAM, mas eu não sei dizer se elas terão condições de reagir à altura das necessidades. A ajuda pública para o desenvolvimento está passando por um retrocesso na Europa.

Le Monde - Como o senhor explica esta tendência?
Louis Michel -
O desenvolvimento deixou de ser considerado como uma prioridade. Quanto mais lento ele será, mais o não-desenvolvimento terá um impacto elevado em termos de terrorismo, de grande criminalidade, de imigração, ou de tráfico dos seres humanos. Não há como não constatar que existe certa incoerência entre o discurso e as ações. Esta tendência é perigosa, uma vez que a União Européia, que ainda assim continua sendo o principal doador no mundo, dá o tom em matéria de ajuda. Se ela retroceder, isso apresentará o risco de incitar outros atores, como os Estados Unidos e o Japão, a limitarem os seus próprios esforços.

Le Monde - O que o senhor pensa do pedido de Michel Barnier, o ministro francês da agricultura, que reclama uma iniciativa européia visando a lutar contra a crise dos alimentos, por meio da consolidação da política agrícola comum (PAC)?
Louis Michel -
Eu suponho que a intenção de Michel Barnier não é de utilizar os nossos excedentes agrícolas para enviá-los para os países em crise, como andaram fazendo os americanos. Se todo mundo proceder desta forma, haverá um grande perigo, porque isso poderá desestabilizar as produções locais. Vamos imaginar que se aumente a produção européia para esta finalidade. Neste caso, eu gostaria de ouvir explicações plausíveis capazes de apresentar garantias de que isso não surtirá efeitos sobre as cotações mundiais dos alimentos. Isso apresenta o risco, sobretudo, de reaquecer a competição entre países pobres e ricos em matéria agrícola.

(Por Philippe Ricard, Le Monde, tradução de Jean-Yves de Neufville, UOL, 27/04/2008)


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