Não existe proliferação do mosquito da dengue no Jardim Lutzenberger na Casa de Cultura Mario Quintana (CQMQ), em Porto Alegre. Quem esclarece é o paisagista responsável pelo famoso jardim, Paulo Backes. Ele explica que o mosquito se prolifera preferencialmente em água parada, acumulada de chuva, em ambientes estéreis ou quase, ou seja, em ecossistemas aquáticos simples, não equilibrados, com ausência de predadores.
Na semana passada, muitos visitantes questionaram os funcionários da CQMQ sobre as banheiras serem focos do mosquito. Christian Lavich Goldschmidt, da Fundação Gaia Legado Lutzenberger, ressalta que não se deve limpar as banheiras, mas sim, retirar o excesso de plantas, a fim de não alterar o ecossistema. "O mosquito da dengue prolifera em água parada, acumulada de chuva, em ambientes estéreis", argumenta.
Backes esclarece que em ecossistemas aquáticos mais complexos, já estabelecidos, onde existe um equilíbrio entre as diversas formas de vida, a larva do mosquito é predada e ou sofre a competição das demais espécies que ali vivem. Ou seja, larvas de libélulas ou de outros mosquitos, peixes larvófagos (que comem larvas), plantas carnívoras, anuros, etc, impedem a proliferação.
"Esta é a razão pela qual a dengue está se espalhando no meio urbano, ao contrário do ambiente rural ou natural. A contagem de mosquitos Aedes em ecossistemas aquáticos naturais é baixissima, quando não nula", afirma. Segundo ele, o cerne desta questão está novamente na quantidade.. Sendo assim, para ocorrer o contágio e a epidemia, é necessário uma grande proliferação de mosquitos, um desequilíbrio ambiental. O que não é o caso das nossas banheiras.
"Por esta mesma razão, não devemos limpar as banheiras, somente retirar o excesso de plantas de vez em quando, a fim de não alterar o ecossistema complexo já formado", reafirma. Backes conta que tem diversos laguinhos em sua casa que são ambientes semelhantes aos das banheiras e não há incidência de larvas de mosquitos da dengue, sendo inclusive constatado por visitas do pessoal da prefeitura. "Se nossas banheiras fossem um problema, teríamos também que eliminar todo o ecossistema aquático natural do Delta do Jacuí", compara.
(Por Carlos Matsubara, Ambiente JÁ, 25/04/2008)