A névoa observada ontem (24) em cidades da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai pode ter sido ocasionada pelas queimadas em propriedades rurais da Argentina. As nuvens de fuligem causam transtornos em Buenos Aires há uma semana.
Bagé, na região da Campanha, passou o dia inteiro coberta por uma névoa ocasionada por fumaça, o que se podia confirmar pelo cheiro, segundo o relato de Namor Silva, profissional de navegação do aeroporto da cidade. Os instrumentos do aeroporto, entretanto, não permitem determinar a origem do fenômeno.
Em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, a mesma névoa foi observada. Porém, o meteorologista da Estação Meteorológica de Rivera, Ruy Franco, afirma que, ao contrário de fumaça, o que foi visto trata-se de bruma, fenômeno que ocorre quando a umidade do ar está baixa. Dessa forma, partículas que estão na atmosfera ficam em níveis mais baixos. E, também ao contrário do que muitos disseram ter sentido, a bruma não tem cheiro.
Fenômeno fechou porto e aeroporto de Montevidéu
De acordo com a meteorologista Cátia Valente, da Central de Meteorologia, é possível que a névoa vista nas cidades tenha origem nas queimadas da Argentina. Segundo ela, a mudança dos ventos desde a tarde de ontem, que passaram a soprar para o Sul, podem ter carregado nuvens de fumaça até o Estado.
As queimadas, que iniciaram há 20 dias nas províncias de Buenos Aires e Entre Ríos, são deliberadas e atingiram cerca de 70 mil hectares de campo em 400 focos de incêndio. Depois de alguns dias sem serem atingidos pela fumaça, os acessos para a capital argentina amanheceram ontem encobertos. A situação, que havia sido pior no final da semana passada, dessa vez se normalizou por volta do meio-dia. Em Montevidéu, capital do Uruguai, portos e aeroportos foram fechados ontem por uma mistura da fumaça das queimadas e de neblina.
(Zero Hora, 25/04/2008)