O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Jorge Chipp, afirmou, em audiência pública nesta quinta-feira (24/04), na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, que a instalação de mais usinas de biomassa (matéria orgânica usada na produção de energia) pode garantir maior segurança energética para o Brasil. "No período das secas, as nossas reservas energéticas serão agregadas em 4%", afirmou.
Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, a energia da biomassa terá que ser produzida durante todo o ano para poder gerar mais reservas energéticas. O presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Carlos Roberto Silvestrin, defendeu a inclusão das usinas de biomassa no ONS por seu "grande potencial energético".
Auto-suficiência
Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Estratégico do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, o planejamento a longo prazo é fundamental para definir as políticas energéticas do País. Em sua opinião, o Brasil tem condições de ser auto-suficiente devido à "abundância de fontes primárias" para as usinas, como água e cana-de-açúcar. Carlos Roberto Silvestrin acrescentou que "a bioenergia tem que ser vista como uma questão de Estado". "É uma energia com investimentos totalmente nacionais", disse.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Alves Santana, ressaltou que as fontes complementares, como biomassa e pequenas hidrelétricas, têm grande participação no fornecimento de energia para o País. Ele apresentou dados para indicar que, só por meio da biomassa, são produzidos 4.190 MW/h (megawatts por hora) em todo o Brasil. Segundo o diretor da Aneel, essa produção representa "quase a metade da energia consumida na região Nordeste".
Co-geração
Altino Ventura Filho classificou como "extremamente benéfica" a co-geração (produção simultânea de energia térmica e energia elétrica a partir de uma mesma fonte, no caso, a cana-de-açúcar) e ressaltou que ela tem que ser priorizada. "O rendimento energético é favorável e o investimento em produção e distribuição é menor", afirmou.
Para o coordenador de Energia da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, Jean Cesare Negri, as usinas de co-geração trazem vantagens, como a possibilidade de expansão no curto prazo, "por serem projetos de menor porte" e ficarem próximas dos centros consumidores da energia produzida.
Custos para o consumidor
O autor do requerimento para realização da audiência, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), destacou que a energia produzida por biomassa será mais barata do que a das termelétricas.
Segundo Maurício Tomalsquim, as tarifas para o consumidor final podem diminuir em função do aumento da concorrência. Ele comparou ainda os preços da produção entre as usinas de biomassa e as termelétricas movidas a carvão. O preço inicial para a biomassa será de R$ 151 por MW/h. As termelétricas recebem, hoje, R$ 126 por MW/h.
Lixo
Altino Ventura Filho defendeu o uso do lixo como matriz energética. "Isso ajudaria na questão ambiental", ressaltou. Jean Cesare Negri informou que, em São Paulo, há um projeto do governo do estado para produzir energia a partir da queima de lixo.
(Por Malena Rehbein, Agência Câmara, 24/04/2008)