Nem a proximidade do inverno esfriou os ânimos de pesquisadores empenhados em descobrir o que resta de florestas em Santa Catarina. Pelo contrário: eles decidiram prosseguir até junho com trabalhos de campo cujo término estava previsto para abril e que já renderam quase três mil amostras de plantas.
“Elas serão secas em estufas e futuramente incorporadas a herbários, onde podem resistir dezenas de anos ou mesmo mais. Tem plantas de 1850 no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, diz o Prof. Dr. Alexander C. Vibrans, coordenador da etapa do Inventário Florístico Florestal que vem sendo realizada no território catarinense com financiamento da Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina).
“A gente quer aproveitar o recurso e por isso vamos trabalhar por mais dois meses, a não ser que haja muita geada e as árvores percam as folhas, o que dificultaria a identificação das espécies,” afirma Vibrans. Ele e outros pesquisadores estão atualmente em São Joaquim, cumprindo uma rotina que inclui até escalar troncos para coletar ramos com frutos, flores ou folhas. “Tivemos poucos problemas nos últimos dois meses, fora o dono de uma madeireira em Caçador, que não deixou entrar”, lamenta. Não há motivo para vetar o acesso da equipe: todos os dados resultantes da coleta serão tratados de forma anônima, sem menção ao terreno ou ao seu proprietário, que nem precisa se identificar. Também não será cortada nenhuma árvore.
Canela, imbuia, araucária e xaxim são exemplos de espécies ameaçadas de extinção que poderiam ser melhor protegidas com base no Inventário Florístico Florestal. Ele determinará tanto a ocorrência quanto a distribuição dos remanescentes florestais catarinenses, para orientar políticas públicas de preservação e recuperação ambiental.
“Este é um trabalho essencial para podermos comparar com dados anteriores , principalmente os descritos pelos naturalistas Roberto Klein e Raulino Reitz”, explica a doutora em gestão ambiental Adriana Dias. Da Fapesc,em Florianópolis, ela acompanha o levantamento – que já foi feito nos planaltos central e norte. Algumas regiões devem ser revisitadas porque, segundo a agrônoma, “tem algumas espécies raras que não florescem todos os anos e, por isso, para estas comunidades é necessário mais tempo de monitoramento, coleta e identificação.”
Também pequenos arbustos e epífitas servem como indicações do que sobrou de florestas no estado. Juntamente com outras plantas, eles estão sendo levados para o Herbário Roberto Miguel Klein da Universidade Regional de Blumenau. A Furb é responsável pelos trabalhos de campo do Inventário, em parceria com a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina). A primeira fase de coleta, iniciada em novembro passado, será interrompida nos meses de inverno. A amostragem reinicia perto da primavera deste ano e de 2009, para que o inventário possa ser concluído em 2010.
Informações adicionais com o Prof. Dr. Alex C. Vibrans, fone 47 9177 2671 ou com a Dra. Adriana Dias no 48 3215 1233.
(Por Heloísa Dallanhol, Assessoria de imprensa da Fapesc, 24/04/2008)